tag:blogger.com,1999:blog-301615882024-03-13T23:46:38.711-03:00simplicidadeCompre uma calça jeans
Uma camiseta branca
calce uma sandália qualquer
e ande pela rua
de mãos dadas com o tempo.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.comBlogger223125tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-25509823932890938612012-04-27T09:47:00.001-03:002012-04-27T09:47:19.554-03:00Salto, mergulho, arAcordei inquieto, com uma leve dor de cabeça. O dia estava claro, ainda cedo, o sol começando a respirar. Ainda uma lua resistia, mesmo na luz que vinha avassaladora. Um pouco de charme, um tanto de desenvoltura, e a brutalidade se espanta, como pregos sem ponta.<br />
<br />
Desci, peguei o carro e fui à praia. Sem esperar, larguei cadeira, barraca, mochila e livros, e corri pro mar: mergulhei...<br />
<br />
Ali, onde a água vira pele<br />
O frio abraça o corpo<br />
Envolve a inquietação<br />
Devolve a plenitude<br />
Em silêncio<br />
<br />
Em silêncio,<br />
no sal, na dança da água<br />
no embalo do corpo em movimento suave<br />
enfim encontro paz<br />
neste mergulho <br />
de felicidade simplória<br />
quieta<br />
parada<br />
pacata.<br />Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-63279609144086607502011-12-12T20:50:00.001-02:002011-12-12T20:50:28.583-02:00Dolce far nienteMaldita culpa moderna: ocupa-se o tempo o tempo inteiro. Lave a louça; faça o farfalle; varra a casa; tire a poeira; pinte a porta; conserte a maçaneta; retoque a maquiagem; regue as plantas; pague as contas; peça os remédios; vá ao supermercado; troque o óleo, lave o carro e faça o polimento; mande os emails; mais um, outro, e mais outro, mais unzinho, outros, outros, outros, mais, mais, mais, mais, mais, mais; tuite que você está no banheiro - do banheiro; poste um vídeo idiota; poste uma frase famosa; poste o que você sente; poste, poste, poste - quase, só falta uma lâmpada no alto, nos olhos; poste mais um poquinho; poste o que vai fazer nas férias; mude os móveis lugar; reforme o banheiro; consere a descarga; lave as cuecas; não esqueça as calcinhas da coleção; esfregue o chão até achar o outro andar; dobre a roupa de cama; arrume o armário pela quinta vez na semana; dê banho na calopsita pela segunda vez no dia; corte as suas e as unhas dela; cante como ela; faça o buço; depile a virilha; penteie os pelos do braço; pinte a sobrancelha de vermelho; passe o terno; escolha a gravata; e durma vestido. <br />
<br />
Não esqueça: repita tudo amanhã.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-64046825124662272652011-11-08T00:33:00.001-02:002011-11-08T00:33:59.677-02:00A beiraVocê morreu, e meus olhos foram levados pelos seus que se iam em um desespero sinistramente calado, angustiado porque sabia que aquilo enfim era o fim e nunca mais estaríamos, nem muito menos seríamos o que criamos pelo tempo e pelo afeto. Senti em você a presença da inexistência como se não ser fosse possível mesmo estando e sendo. Sentir o bafo aterrador do ato de morrer parece o início do não viver. Começamos a morrer quando os fragmentos de nossa essência se apagam no fim do dia com a inexistência gradativa daqueles que nos fazem humanos. Nascemos, pois, à beira de não ser.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-8161915582496786902011-11-08T00:15:00.001-02:002011-11-08T00:15:18.965-02:00Teatro de SiDois telefones nas mãos: celular e fixo. Um dia, dois, três... quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez dias... duas semanas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze, treze... meses... <br />
<br />
Agora, o mesmo número enxerga tudo que quer esconder. Os aparelhos sorriem, irônicos, porque sabem. Cada tecla ganha uma aparência de espera, como os passos de uma longa caminhada entre o nunca e o nada. Gira, se contorce, cambalhotas, movimentos, anseios, pernas longas para os menores espaços; quer. Quero. Onde está? Com? Por quê? Como se move? Sua pele ainda? Seus cabelos vão? <br />
<br />
Quer, mas... Quer... porém... Quer... <br />
<br />
Encontra parte de si no visor, entre as teclas, escondido, pequeno, calado, afastado de tudo, naquele espelho retrovisor. Quem é o indivíduo senão aquele fragmento que se perde no passado mas que a todo tempo se revisa e se refaz no presente? Quem é você que foi e nem o café tomou antes que esfriasse? Quem é você que arriscou e sumiu? Quem é você que deixou o pão francês com a faca untada de manteiga sem uma mordida? Quem é você que abraçou o pequeno cachorro, encharcou seu pelo de cheiro e nunca mais? Quem é você que esqueceu o anel de família no criado mudo propositalmente? Quem é você que não quer? Quem é você que abandonou aquela calcinha preta - pequena - "escondida" no carro? Quem é você que guardou o pijama entre minhas camisas casualmente? Quem é você?<br />
<br />
Estar entre o espaço virtual e a lembrança parece uma sinfonia que aguarda sem tempo a chegada de seu maestro desaparecido no céu que deságua no mar de desilusão. Discar, digitar, teclar; verbos sinônimos de um eu que não se permite ser em nome da razão. Vozes; vozes; vozes; vozes; vozes; vozes; suas próprias palavras percorrem dentro de si uma trilha sonora de espaços de sombra, que, iluminados vez por outra, articulam senilidade e afeto, quereres e maldizeres, afazeres e desprazeres. <br />
<br />
Sua confusa fusão entrelaça linhas telefônicas nos seus poemas que ainda serão escritos. Sua confusa fusão entrelaça aquilo que foi com o que poderia, caso deixasse a vontade fazer-se realidade. Sua confusa fusão entrelaça a si mesmo em uma mentira escancarada que se quer verdade, mas que ainda permanece diante do oposto, para fingir como atores que atuam em papéis de si mesmos. Hoje representa a si mesmo no palco de sua própria vida.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-27467918697428942542011-10-16T01:39:00.001-02:002011-10-16T01:39:49.517-02:00TensãoEnquanto o parabéns acontecia, eu não conseguia bater palmas. Minhas pernas tremiam um pouco e não era possível manter a atenção em nada do que me diziam. Via todos se distanciando, mesmo que estivessem ao meu lado. A gente sabe quando a porrada virá – só não sabemos de onde, por isso aquele pincelzinho de angústia vai pintando os dedos das mãos de uma cor estranha e, sorrateiro, cobre a coluna, bem no centro das costas. A gente sabe, sim, a gente sabe.<br />
Quase sempre deixava o celular no bolso. Porém, por obra das fantásticas empresas de telefonia, era obrigado a deixá-lo em cima da janela do quarto de visitas, porque era o único lugar que surgia, como mágica, o sinal. Além disso, esquecera de carregá-lo. <br />
No meio da confusão, resolvi ir ao quarto e checar se havia alguma ligação perdida. Bastou que eu pegasse o aparelho: pronto, aquilo disparou a tocar. Por que eu sabia? Por quê? Não sou vidente, nem quero ser. Eu não olhava o nome no visor. Recusava-me a aceitar o óbvio. Fechei os olhos tentando evitar, mas me lancei numa cruzada insuportável de especulações, até chegar ao ponto que alguém, uma silhueta de gente, me enforcava com o olhar. Fui obrigado a abrir os olhos, o que fiz rasgando o tempo e minha visão: era você. E era para deixar de ser. Mecânico, pressionei o send e ouvi, em gritos sonoros de desespero:<br />
<br />
- Por quê? Por quê? Por quê você fez isso comigo? Por quê? <br />
<br />
Os porquês ecoaram múltiplos em tons de facas abrindo as costelas, uma a uma, de dentro pra fora. Espirrava-me em órgãos dilacerado no meu sangue multicolorido, porém seco e agreste, de tons escuros, enegrecidos. Via-me em uma roda gigante, sozinho, a girar, e girar, e girar, ininterruptamente, cada vez mais rápido, em uma capsula sem oxigênio, quando era-me dolorosamente nítido: os meus braços rompendo a pele, em bolhas pequenas; os músculos emergiam, fibra a fibra, como afiadas lâminas que arrebentariam o asfalto. O coro cabeludo arrancava-se, como se ganhasse vida, e partes do cérebro jorravam. Estive na imaginação como se nada fosse criado, mas tudo fosse vivo, como o choro de um bebê ao nascer. Vivenciei a mentira como se fosse a mais inocente verdade. Anestesiado, continuava ouvindo, em berros sem qualquer melodrama, pois me chegavam verdadeiros como nenhum outro som seria capaz:<br />
<br />
- Por quê? O que eu fiz? Por quê? Como você pode fazer isso comigo? Me responde!!! Fala! Agora fala...<br />
<br />
Eu não falava, não, não, nada daquilo realmente era físico, experiência. Tinha convicção que o irreal se tornara a realidade. O quarto, as paredes brancas desenhadas e escritas, o telefone, meus pés, minhas mãos, aquele celular: por favor, por favor, enfim eu tinha me transformado num quadro expressionista e surreal. Seria? Não. Do emaranhado, ouvi uma voz de tonalidade masculina, até perceber que um de meus amigos parara na porta do quarto, assustado, perguntando:<br />
<br />
- Parceiro, o que é isso? Quer ajuda? Tudo bem?<br />
<br />
Aquela voz me arrancou do quadro vanguardista. Saltei, desliguei o celular e soltei-o no chão, desnorteado. – Por quê? Eu me perguntava em voz baixa, naquele sussurro dos desabrigados que moram, mas nunca se sentiram em casa. Presenciei a construção do abandono, tanto que ali eu não era nada e estava completamente só, mesmo diante de tudo.<br />Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-49402698741506795182011-10-09T23:53:00.000-03:002011-10-09T23:53:02.640-03:00Sem ver Vou esquecendo seu rosto. Olhos abertos ou fechados; de dia ou de noite; no verão ou no inverno; em casa ou na rua; sorridente ou choroso; você vai se tornando uma ideia, lá longe, onde nem a inconsciência tem o poder da reconstrução. Lembro momentos, mas não do seu estado físico; enxergo nossas sensações com a pele, acontece de arrepios vagarem meu corpo só de imaginar. <br />
Na cama, quando havia luz, nos entreolhávamos e um de nós se levantava para desfazer aquela imagem limitada de nossas visões: luzes, nada de luzes. Aquele que apagava, retornava vagaroso e se ouvia o respirar mais leve, enquanto a cama se movia pelo toque do corpo. Inicialmente permanecíamos de olhos abertos, mas era uma luta insensata, porque não precisávamos deles. Então, logo que sentíamos o outro, naturalmente a visão sucumbia ao prazer. Eu via você. Via de dentro de mim e no seu interior. Sentíamos um ao outro. A pele se aproximava e se encontrava na escuridão pela quentura e pelo cheiro; abandonávamos nossas mãos, deixando os dedos um tanto tristes: queriam muito tocar. Não precisávamos deles também: descobríamos cada limitação física e, aos poucos, aprendíamos a traspô-las. <br />
Éramos pele e odores. Reconhecíamo-nos no estado mais primitivo do contato entre os seres, fundindo nossos sentidos, confundindo cada um deles. Do cheiro, conseguia distinguir a coxa do seio, o seio da barriga, a barriga do pescoço, o pescoço das bochechas, as bochechas dos lábios, os lábios da testa, a testa dos pés, os pés dos dedos, os dedos da canela, a canela dos joelhos, os joelhos da parte posterior da coxa, a coxa de cada nádega, uma nádega da outra, até onde pudesse ver a surrealidade: pelo cheiro, sabia se me aproximava dos grandes lábios até perceber o seu clitóris. <br />
Minha língua queria, queria sempre muito, mas você sussurrava, encantada: “sem pressa, sem pressa”. Nosso ritmo era o compasso oposto do mundo. Oposto? Será mesmo oposto? Se fosse lento, a oposição faria sentido. Contudo, o conceito do tempo nos era uma abstração, por isso oposição jamais: fomos capazes de dominá-lo e moldá-lo como uma miniatura insignificante. Não vivíamos no tempo, vivíamos um estado de consumação, em que não existem ponteiros, badaladas, pêndulos, nem marcadores analógicos ou digitais. Para alguns, o tempo se marca em horas; para outros, em noites; para alguns, em estações; para muitos, o tempo é uma garantia de sucesso, vale muito, muito em notas coloridas em rostos de gente famosa que ninguém conhece; para poucos, o tempo se marca em livros, não em dias; para nós, a realidade não era tempo: nossa realidade mastigava relógios e fluía a cada pulsar de sangue a percorrer as entranhas dos nossos corpos, embriagados pelas sensações intermináveis dos gostos de pele, dos cheiros de excitação, dos sons impulsivos e do toque: através dele, quando distantes, lembrávamo-nos daquele sinal nas costas, do nariz um tanto torto, das sardas no rosto e nas costas, das cicatrizes (no quadril, no joelho esquerdo, no dedo mindinho, na sola do pé direito); do desenho incomparável de nossas bundas, de seus dedos de pele macia, mas de forma robusta. Vivemos os sentidos, sem tempo, sem espaço, acima de tudo vivemos cheiros de formas. Quando minha língua tocava suas costas pelo centro, desde o quadril até chegar à nuca, seus poros se abriam como vãos infinitos, como a pedir que me perdesse nos seus labirintos de sensações intermináveis. E eu me lançava neles, capaz de ser um microporo em seu corpo apenas para compartilhar do arrepio de pelo por pelo. <br />
Seus espaços vazios se preenchem pela capacidade de transformar em eternidade as sensações. Você poderia ser qualquer outra, porque não tem mais nome, nem sobrenome; não é mais um rosto de olhos de cores específicas; nem mais um sorriso por causa de uma forma particular de face. Você se transfigurou na potencialidade dos meus sentidos quando penso em nós dois. Não vejo você. Aprendi a sentir em demasia pelo vasto encontro de nossas realidades. Não vejo você. Consegui ser pela sua ausência. Não vejo você. Agora, sou capaz de me traduzir nas profundezas de uma pequena sinestesia. Não vejo você. Porém, você estará comigo para sempre. Deveríamos mudar o nome para o que tínhamos: de namoro para sinestesia. Esquecer? Nunca. Esquecer seria deixar a mim mesmo em qualquer esquina; seria abandonar minha própria história; seria despir-me daquilo que se transformou em mim: não é só você, nesse singular egoísta: vocês. Agora sim, honesto e corajoso.<br />
Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-8199880191014389512011-10-09T22:21:00.000-03:002011-10-09T22:21:13.620-03:00É luxo só<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-a1a5o972BMU/TpJDzwrhhFI/AAAAAAAAAEw/hPc7qPVKzPU/s1600/Hortifruti%2B-%2BBatatas%2Bdo%2BCaribe.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="200" width="158" src="http://1.bp.blogspot.com/-a1a5o972BMU/TpJDzwrhhFI/AAAAAAAAAEw/hPc7qPVKzPU/s200/Hortifruti%2B-%2BBatatas%2Bdo%2BCaribe.jpg" /></a></div><br />
Entrou no shopping<br />
Apressado<br />
Comprou os olhos na farmácia<br />
As orelhas encontrou na praça de alimentação<br />
O nariz na delicatessen<br />
Os lábios na loja de lingerie<br />
Os cabelos na perfumaria<br />
O queixo na vidraçaria<br />
A língua achou na loja de telefonia<br />
Conseguiu variedade de forma<br />
de cor e de textura<br />
No fast-food<br />
roubou umas batatas.<br />
<br />
Foi ao banheiro<br />
entrou na cabine<br />
e vestiu seu modelito<br />
completo<br />
tudo novo.<br />
Saiu de lá<br />
andando<br />
assim assim...<br />
<br />
Em casa,<br />
tomou banho.<br />
Escorriam pelo corpo<br />
os self-presentinhos<br />
para os outros.<br />
<br />
Quando terminou<br />
só tinha batata na sacola:<br />
- e não é que encaixa<br />
direitinho no pescoço?<br />
Pensou.<br />
<br />
Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-63262049433338313732011-10-09T21:57:00.002-03:002011-10-09T21:57:37.091-03:00Felicidade cretina ou seria clandestina?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-MC4UKSHqzEQ/TpJB_jjNsmI/AAAAAAAAAEo/ST_UA7otPZE/s1600/Hortifruti%2B-%2BChuchurek.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="78" width="200" src="http://4.bp.blogspot.com/-MC4UKSHqzEQ/TpJB_jjNsmI/AAAAAAAAAEo/ST_UA7otPZE/s200/Hortifruti%2B-%2BChuchurek.jpg" /></a></div><br />
Sessenta e cinco anos<br />
Aposentado<br />
Numa de suas várias outras manhãs<br />
Levantou<br />
Escovou os dentes<br />
Lavou o rosto<br />
Penteou o cabelo<br />
Colocou a dentadura<br />
E a peruca<br />
<br />
Como quase sempre<br />
Abriu o armário<br />
E se viu no espelho<br />
<br />
Eram duas imagens:<br />
Chuchu de um lado<br />
Shrek do outro.<br />
<br />
Chuchu olhou Shrek <br />
e disse:<br />
Chuchurek!<br />
<br />
Ele riu<br />
e entrou no espelho.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-68839789943579164442011-10-09T21:50:00.002-03:002011-10-09T21:50:47.886-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-JrPPNy7myHY/TpJBEucvw0I/AAAAAAAAAEg/rwP-bf97UoA/s1600/Hortifruti%2B-%2BPense%2Bfora%2Bda%2Bcaixinha.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="116" width="200" src="http://2.bp.blogspot.com/-JrPPNy7myHY/TpJBEucvw0I/AAAAAAAAAEg/rwP-bf97UoA/s200/Hortifruti%2B-%2BPense%2Bfora%2Bda%2Bcaixinha.jpg" /></a></div><br />
Um dia ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar<br />
Buscou no alto do armário uma caixa antiga <br />
completamente empoeirada<br />
Abriu<br />
Entrou<br />
Fechou<br />
E foi trabalhar.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-1227971069560953962011-10-09T21:34:00.000-03:002011-10-09T21:39:01.979-03:00Keep walking - Keep cheating<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-3W5kF1nA7s8/TpI8KKJIZyI/AAAAAAAAAEY/PWb5yO1T4M8/s1600/Lixo%2BLuxo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left:1em; margin-right:1em"><img border="0" height="126" width="200" src="http://1.bp.blogspot.com/-3W5kF1nA7s8/TpI8KKJIZyI/AAAAAAAAAEY/PWb5yO1T4M8/s200/Lixo%2BLuxo.jpg" /></a></div><br />
No meio do luxo<br />
virei lixo<br />
<br />
Em pequenas doses diárias<br />
me transformei em fezes<br />
de coisas<br />
<br />
Virei uma aberração<br />
Um factotum <br />
estereotipado<br />
pelas pequenas partículas de lixo<br />
de que se compõe o meu sorriso<br />
de dentes brancos<br />
laminados a ouro.<br />
<br />
Meu luxo hoje é viver de lixos<br />
<br />
Meus antidepressivos<br />
Relaxantes musculares<br />
e analgésicos<br />
sustentam meu caminho sem volta<br />
e nada: um eu desmantelado.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-49979793164965271862011-10-09T20:59:00.002-03:002011-10-09T20:59:14.970-03:00EndTive um sonho:<br />
Você caminhava<br />
Na direção contrária<br />
Sem retidão<br />
Embriagado pela idade<br />
Cansado pelo vento do tempo<br />
Empurrado pela água dos olhos<br />
<br />
Nao havia terra<br />
Nada de céu<br />
Nem horizonte<br />
<br />
Não subia<br />
Nem descia<br />
Ia<br />
E não parava<br />
<br />
A corcunda ficou pequena<br />
Quase desapareceu<br />
<br />
Naquele ponto distante<br />
Ouvia sua voz quase surda<br />
Em sussurro de saudade<br />
- Dão...<br />
<br />
Abri os olhos lentamente<br />
Querendo ouvir você<br />
<br />
Lá no horizonte<br />
Quando céu e terra se encontram<br />
Na imaginação e no porvir<br />
<br />
Aqui<br />
Onde tudo existe<br />
Tudo ficou estrábico pra mim.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-58358469934593174132011-10-06T21:43:00.000-03:002011-10-06T21:43:40.918-03:00CruNão ando<br />
Corro<br />
Não sinto<br />
Passo<br />
Não choro<br />
Sem tempo<br />
Não desejo<br />
Compras<br />
Não sonho<br />
Compraram os meus<br />
<br />
Onde falta carinho<br />
compraram um perfume de alegria.<br />
Onde falta carinho?<br />
Deixa de frescura,<br />
acorda e vai trabalhar.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-16257346156935374342011-09-23T21:20:00.001-03:002011-09-23T21:20:55.094-03:00LoucosAjoelhado, chorava aos pés dela.<br />
Sem pudor, sussurrava: eu te amo, eu te amo, eu te amo.<br />
Ela era a personificação da indiferença:<br />
Sem uma lágrima<br />
Seca feito sertão<br />
Gretada pelo sol<br />
fria em tanto calor.<br />
<br />
Continuei, quase sangrando lágrimas dos joelhos,<br />
Enquanto ela ria<br />
Sarcástica como um capataz.<br />
Abandonou a distância<br />
Torceu os olhos<br />
E acertou uma bofetada certeira, em cheio, estalada<br />
Dizendo com os olhos: <br />
Você é ridículo.<br />
A boca emudecida como monges.<br />
Dito – e não dito<br />
Virou-se e sumiu.<br />
<br />
(Teve três filhos<br />
Um marido<br />
Envelheceu<br />
Família<br />
Morreu)<br />
<br />
Eu? Bem, eu<br />
Fui até a última estação dos dias.<br />
Em nós não deixei suor para secar<br />
Nem ferida para curar<br />
Nem sol para esfriar<br />
Nem filho para criar<br />
Menos ainda pais para ver morrer.<br />
Os trilhos de minhas pernas<br />
Deslizaram em cada vagão de sua pele<br />
Quando, no fim, chegaram à porta<br />
De onde caíram...<br />
<br />
Quando ela foi<br />
Abandonei o dia<br />
Até vomitá-lo na noite<br />
E comê-los juntos na madrugada.<br />
Engoli o tempo<br />
Sem mastigação.<br />
Acreditei na dor<br />
Como conselho paterno<br />
Casei-me com ela<br />
Na igreja corpórea <br />
Quase nuclear<br />
Em ato sagrado e crente<br />
Sem medo.<br />
Fui até onde o corpo suportava roer-se<br />
E ruiu<br />
Despencou<br />
Desmoronei sem melodrama<br />
Nas estradas como carona<br />
Nos becos úmidos e cheios de limo dormia<br />
E me deitava nas esquinas das largas avenidas<br />
Vendo os carros passarem <br />
Como um passado que se arrebenta em pedaços.<br />
<br />
Comi minhas camisas<br />
Bebi cada calça, sapato e meia.<br />
De desjejum foram meus tênis e gaiolas<br />
Junto dos pneus de meus carros<br />
Devorei a lataria, as cores, os vidros.<br />
Queimei minha raiva mastigando<br />
Futilidades.<br />
<br />
Nu, andei<br />
Andei sem parar.<br />
<br />
Despido de mim<br />
Na lavanderia<br />
- Todos me vendo, e rindo<br />
Estava em paz<br />
(um pouco sujo)<br />
(descabelado)<br />
(dolorido)<br />
Surdo para eles<br />
Esperei sentado, a última luz apagar,<br />
E minhas roupas novas estavam limpas, secas e passadas.<br />
<br />
Vesti seus olhos de camisa<br />
Sua pele de calças<br />
O castanho de olhos e de cabelos como sandália.<br />
<br />
- Camisa branca (básica)<br />
- Calça jeans (básica)<br />
- Sandálias de couro<br />
<br />
Com você,<br />
Saímos de mãos dadas.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-60724325478360017912011-09-20T18:09:00.000-03:002011-09-20T18:09:51.758-03:00Compra especulativa futuristaCompra perfeita: <br />
sua carta de demissão<br />
- e por justa causa: integridade.<br />
<br />
Proclamem<br />
a Constituição do Novo Estado Burguês:<br />
negação dos empregados<br />
CLT do futuro:<br />
confisco das leis trabalhadas.<br />
<br />
Acho que devemos tomar uma cerveja de garrafa<br />
em copo americano<br />
nas mesas de metal<br />
em cadeiras de plástico<br />
com direito a calabresa frita.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-72414125974307612452011-09-20T18:05:00.000-03:002011-09-20T18:05:39.504-03:00Por que chora<br />
no refrão?<br />
Sem letra<br />
só melodia<br />
Como chora?<br />
<br />
Nota que jorra<br />
Nota que explora<br />
Notam que quebram cabeças<br />
imont......áve..........is<br />
<br />
Notas de um euro<br />
de música barata<br />
Aplicam doses homeopáticas<br />
de corticóides<br />
<br />
Semsensível anda imovendo as pernas<br />
Só tronco<br />
No caminho de notas de euros musicais<br />
<br />
- Notas, que notas?<br />
- As notas de sua olheira<br />
e daquele sorriso ali,<br />
atrás do espelho!Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-1158663361351117392011-09-20T18:01:00.000-03:002011-09-20T18:01:56.980-03:00Rede estranhaEstava deitado <br />
na rede das memórias<br />
de mentira<br />
<br />
Rolava com elas<br />
no sono estratégico<br />
programado<br />
para sonhar <br />
quando <br />
e o que quisesse<br />
<br />
preferiu uma surrealidade:<br />
a verdade.<br />
Todos riram<br />
cuspiram<br />
<br />
e vomitaram<br />
<br />
de vergonha.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-78785940045104030042011-09-20T17:58:00.000-03:002011-09-20T17:58:43.178-03:00Acaba sem fimEla faz poema<br />
com as pernas<br />
que me cercam<br />
feito labirinto<br />
de significações eróticas:<br />
<br />
As palavras de sua excitação<br />
desnorteiam meu lápis<br />
sem grafite<br />
Que desenha contornos <br />
Labialmente<br />
Enquanto sua pele<br />
de letras suadas<br />
em pelos eriçados<br />
aos pés da Santa Cruz<br />
- que de casta<br />
nem os pelos do nariz.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-66831808067295644762011-09-20T17:55:00.000-03:002011-09-20T17:55:55.138-03:00Desligamento do atoTenho controle remoto<br />
Pra ter você por perto<br />
nos filmes que alugo<br />
ou nos que compro<br />
ou nos meus downloads.<br />
<br />
Você esqueceu os óculos 3D<br />
e me trouxe uma lupa arranhada<br />
só porque o controle não tinha pilha.<br />
<br />
Nunca chegamos perto<br />
Aliás, você nunca esteve tão longe dos meus filmes<br />
Mesmo vestido de óculos<br />
com buscapé, baixaki e google<br />
não te descubro<br />
<br />
Um manto chegou via sedex<br />
Com dois controles<br />
Um deles: universal:<br />
pronto, desliguei o poema.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-25356864940145730242011-09-20T17:49:00.000-03:002011-09-20T17:49:39.658-03:00Quem não é seria.Apreensão. Angústia. Temor. O que vai ser do reencontro? O coração bate, acelera, rápido, mais rápido, feroz só por imaginá-la. Minutos antes de revê-la, o tempo parou: caminhei, e nada se movia, só eu respirava - e ouvia o pulmão arfar. Nada mais importava, tudo se transformava nos seus olhos em minha direção. Enfim, ouvi o portão se abrir - uma volta, duas, três: suas costas, cobertas pelo vestido branco e liso desenhando seu corpo, serpenteavam pela fresta. <br />
<br />
Onde estariam seus olhos? Lentamente o pescoço caminhava - um, dois olhos, seu olhar em tons cinza na graça do sorriso leve, descontraído e pleno ao enxergar nosso tempo lento no brilho do castanho escuro dos meus olhos. <br />
<br />
Não dissemos nada, mas nossos olhos berraram em silêncio: eu te amo. <br />
<br />
Era assim que me via e me sentia quando voce existia. Saudade era uma dor masoquista que aprendemos a cultivar pelo prazer desconsertante de cada único momento que produzíamos juntos. Estar distante celebrava nossa fusão: deitado, antes do sono, pensar em nós provocava aquela lágrima no canto do olho, que parte errante pelo rosto e despenca no sonho profundo de nossa consagração. Acordar deixa de ser uma atividade autômata e passa a ser a realização do desejo da eternidade. Morrer de saudade é viver um motivo: você.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-70476830073289901832011-09-20T17:45:00.001-03:002011-09-20T17:45:46.712-03:00Vitória CAPITALISTAVenci:<br />
Você está morta.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-11465535533400582572011-09-20T17:44:00.002-03:002011-09-20T17:44:42.143-03:00Um burguês às avessasQueria você<br />
Sem acento<br />
Assim nua de ortografia<br />
Sem gramática<br />
Nem pontuação<br />
Livre.<br />
<br />
Vou arrancar sua métrica<br />
Lamber sua rima<br />
E destruir seus tercetos<br />
Quartetos<br />
<br />
Soneto é coisa de burguês<br />
Abre logo seu livro<br />
Eu pago por hora.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-52245469780831393212011-09-20T17:41:00.002-03:002011-09-20T17:41:40.920-03:00Um pouco de nada é muitoFaço nada<br />
e meus dias <br />
são cheios<br />
de muito.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-69502505830483634912011-09-20T17:41:00.000-03:002011-09-20T17:41:02.596-03:00Sem pontosde nada<br />
escolhi meu dia<br />
onde não ser<br />
é estar além <br />
Quando fiz o que <br />
queriaUsnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-32598648020891440542011-09-20T17:34:00.000-03:002011-09-20T17:34:20.045-03:00Assim se fazAprendi<br />
a por o sol <br />
em Itaipu.<br />
<br />
Ali,<br />
onde na lembrança resistem<br />
Criança<br />
Adolescente<br />
<br />
No homem que se escreve<br />
Nas tortas linhas<br />
Do eterno novo dia<br />
que se anuncia.<br />
<br />
Aqui,<br />
neste espaço mimético<br />
O eu lírico <br />
se apresenta<br />
pela descoberta<br />
de suas doces palavras<br />
Em................. meio ...................<br />
..................ao .......................infinito.......................<br />
...........................espaço<br />
...........................................................................<br />
..............virtualUsnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-30161588.post-11366971804012165632011-09-13T21:57:00.001-03:002011-09-13T21:57:49.278-03:00NadaCom sede de asfalto<br />
mastiga farelos de vidro<br />
e cospe bolas de gude <br />
nos paralelepípedos de vaidade<br />
da lua<br />
enquanto suas crateras <br />
homicidas iluminam<br />
sua saciedade.Usnavehttp://www.blogger.com/profile/18113781265558229135noreply@blogger.com0