27 junho 2006

Carnaval às avessas

No Brasil vivemos o carnaval anual e a festa carnavalesta quadrienal, a Copa do Mundo. Instigamos a revolta, subvertemos até o papa quando se trata da seleção brasileira. Somos capazes de deixar o trabalho por um mês, até mesmo pedir demissão para mergulharmos de corpo e feridas na multidão acotovelando-se de tanto prazer. É o momento de contradição: no Brasil todos se tornam iguais, todos podem tudo, até mesmo escrever sem ponto sem palavra sem letras ( ).
Onde tudo é possível, surge o autoritarismo. Só nós podemos ser iguais. O resto do mundo sucumbe à grandeza de nosso talento. Arianos nós nos consideramos, mesmo que sejamos mulatos-portugueses-ganeses-togoleses-franceses...A miscigenação que nos torna divindades. Mas somos divindades efêmeras, por isso repressivas. Exigimos de nossa única expressão hegemônica (porque democrática e plástica), o futebol, a supressão absoluta dos oponentes. Não podemos exibir uma pitada de fragilidade, então temos de ser superhomens eternamente para permanecermos com as tamancas nos pés. Entrentanto, trinta dias passam ferozes, o apelo do carnaval se dilui como a pele atingida por água fervente. É nítida nossa frouxidão, é pena que sejamos tão pusilânimes. Escancarar os dentes para um velho decrépito é simples, vomitar pedantismo diante do medigo morto é desumanidade. Os trinta dias se foram, despencamos do trono esborrachados e indolores, porque não vemos o óbvio: somos frouxos e adoramos chutar cachorro morto, enquanto o único cão que nos dignifica é achilcalhado publicamente.
Os gatos e os cães raivosos têm muita ração e nós ainda compramos as mais refinadas para eles.

23 junho 2006

FARRA DU DOIDO

Casimiro Lopes abriu a porteira. Onde passa boi, passa boiada!!!