03 junho 2009

Encontrei você. Foi num dia. Não lembro qual. Mas foi um dia. Estive ali, pertinho, do lado, quase, sentindo o cheirinho. E depois esperei, esperei, e... nada. Espero até agora, daqui, de longe, muito longe, de onde tudo faz parte da saudade. Saudade, uma companhia. Da saudade, vim de lá, correndo, rápido, respirando alto, descompassado. Não cheguei onde queria, nem sabia onde seria. Venho de lá, para cá, e daqui para lá, giro, volto para o mesmo ponto, onde nada começou e tudo vai acontecer. Não espero mais. Não existe razão para parar. Pensar seria um gesto digno. Seria um sonho saber o destino da sua sombra. Encontrá-la é um vestígio de sua presença. Nunca será você. Um espaço que fora ocupado, não é mais. Um movimento já realizado, sem vê-lo para lembrar. Tudo fica, quando se faz lembrança. Tudo se vai, quando é sonho. Vi, lembrei, vivi. Vou na curva, no soslaio para ver. Mudei o grau dos óculos, fiz tratamento. Comprei lentes novas. Não vejo mais a turva imagem do dia. Porém, à noite, as sombras são todas nebulosas, indistintas. Por isso tirei os óculos, minha bengala dos olhos. Todas as imagens tem a mesma cor. Enxergo tudo, até a tua sombra, mesmo que não a veja com muita nitidez. Quero, vejo. Não quero, cego.