11 abril 2008

Terror

Engoli meu coração
e ainda foi sem respirar.
Ainda pulsando
pude senti-lo pensar.
Mas como?
Lógica e sentimentos?
Então, discutimos,
E o coração tomou a palavra:

- Sinto o azedume do estômago
Tenha a pele rompida
As artérias fechadas
Meu sangue agora é nostalgia
Penso porque me contorço.
Não me deixe pensar no escuro
do silêncio
Voz antes sonora, grave
Agora metálica, no fim.
Fujo de mim para não vê-lo
Ligeiro, vago para onde

Longe
Escondido em tua impressão
Está quase a minha presença
Mas estar para não perpetuar
É um não-ser absoluto.
Um morto no seio do corpo aquecido
Um paradoxo camoniano
Aqui arde, ali eu vejo
E quero mais
Durmo para que minhas impurezas
Se diluam até tomar forma de idéia
E partir para a inexistência do sentir
O coração em disse
E eu continuo...

Lugar plástico

Praia. Onde posso estar sem precisar olhar para os lados, inquieto. A brisa que emana de ti acaricia-me, adula-me, consola-me, faz-me ser. Entre o céu, o solo, a água e o vento, espero para morrer em paz, porque lá, naquele fim onde tudo se encontra, no horizonte, estamos nós dois.

Entre a areia e aquele derradeiro instante, temos um espaço, grande, por vezes perverso, desconsolador, intragável, aterrador... intestinos a esses vagos dissabores, está NOSSA existência, o aroma cego, a despalavra, a cintilância dos escuros, como dira Manoel de Barros. Inconstância humana, como os olhos de ressaca de todas as capitus e bentinhos.