17 novembro 2007

Encontrei-me enfim

Pedi ao garçom uma cerveja
E... nada.
Pedi ao meu amor um beijo
E... nada.
Lembrei que não bebo
Que não tenho amor.

Então pedi à solidão uma cachaça
E... claro, duas.
à saudade pedi uma dose de whisky
Recebi... com muito gelo.

Abraçado com saudade e solidão
Bebi até a aurora e
(As três me acompanharam ao leito)
O tempo nos fez unidade
Dia que não nasce
Homem que se faz Agora
Na inquietude da saudade
Pelo sentimento que nunca foi
Na angústia da solidão
Um vínculo entre ser e tentar
Sou fragmento

O negro, do céu não partiu
A noite tomou o dia
Essa cor fundiu-se à minha alma
E de tons fúnebres, demasiado humanos
Por entre cinzas e pretos
Perdi-me de vez.

Comentários do EU-LíRICO sobre a sua poesia:

(Se você quer entrar para o meu dia, querida
Seja mais que uma mulher).
(A noite tomou-me,
casei-me com a madrugada,
sou cunhada da alvorada,
filho da batucada).

Uma morte em vida

A doença que te escolhe
É a dor que te engana
Sentir é doer
rasgar-se
voltar-se para si
e perder-se
Sentir sem sentir
É doer-se
Destruir-se
Escancarar-se
Desmedido
Que vida.

Sem destronar
Não posso querer
Sem destronar
Não posso querer
Sem querer
Não posso ser
Nem estar
Quero temer
Porque ter medo
faz-me sentir
e no infinitivo eu vou
sem saber a rima
sem cantar
sem melodia
cantando pelas ruas
como doido varrido
escorrendo sangue
derramando lágrimas
esculpindo deformações
.Sou como nunca
Sou o eterno viver
Em busca de não sei o que

Na angústia me encontro
Sei quem sou eu
Porque quero ser
No presente
Nesse tempo
de maledicências
farrapos
maltrapilhos
Conduzo minha rotina
Com um gole
Um suspiro
Um copo
E mais outro
No gargalo eu vou
Garrafas
E mais garrafas
Prazeres da surdina
Solidão sem fim
Acolhido por vocês, minhas companheiras
Descanso sem dormir
Se um dia voltar acordar
Desses olhos abertos
Estarei morto.

19 agosto 2007

Gigi

Entre Baudelaire, Verlanie e Mallarmé
Símbolo que só se encontra na pureza inalcançável das essências
Entre os sentidos, atrelo-me às tuas primazias através dos olhos
Vejo-te entre tantos, encontro-te no nebuloso tumulto das cidades
O formigueiro de gente, de gentes, só te encontro porque és a materialização
do perfume eterno do prazer, do ser...
É no azul, cinza, verde dos olhos que gracejas entre aquelas que se dizem belas
Mas beleza é um estado de espírito perceptível somente pelo encontro entre almas
Não uma linha perfeita desenhada no corpo feminino
Do corpo, mera existência física, o tempo se nutre, até em nada construí-lo
E é neste instante que seu afago se insinua, sensual, sem materialidade,
mesmo em vida, mesmo sem o tempo ter-te chegado a tocar, pois és senhora do tempo, vem antes dele.
Nada de platonismo, nada de essência, nada de idealização:
Humanidade rara é sinônimo de estranhamento,
portanto que sejas diferente, que sejas tu a artífice do novo existir entre a harmonia...

(...)

Lembre-se: Vinícius é um estado de espírito
capaz de ser incorporado, não muitas vezes, mas nos dias exatos.
Poesia é um nome, Vinícius sua essência.
Que assim se viva.

12 agosto 2007

Relembranças

Vivo no espaço tênue da tentativa
Pareço-me um ingênuo quando lembro
dos desejos, dos encantos, das lamúrias
Parecem-me encontros que não são,
Quando tempo tem?

Se os versos têm, sinto não ter a ventura
de poder, de querer sem ter uma voz,
que impele o homem para dentro de si
incapaz de romper
Sois um idiota.

Dizem que temo os outros em troca do viver
Prefiro aterrorizar-me diante da simplicidade
Tenho prazer pelo desprazer
Portanto não saberia viver

Os versos me tornam um amante do anacronismo
Um antiquado homem ingênuo cercado pela realidade
Mas ela me torceu o caráter
Desfez minha personalidade em tom de amargura
Uma pedra no centro do caminho
agora é minha disposição impenetrável de ser
Meu tempo não é quando, nem sempre, nem hoje

é antes uma espera
ora dolorosa, ora pacífica
ora suave, ora terrível
um tempo sem tempo
mais parece estar retrocedendo

Organismo que lamenta, que chora
mas que reconhece a existência de uma voz
sabe-se lá em que canto, em que tempo, em que cidade

Digo: não sei se reconheço, apenas percebo que já ouvi
mas era doce, humana, sensual, cativante, a mais deliciosa das melodias

Digo: hoje não existe.
Termino: a felicidade está no sofrimento do sempre presente
que no canto escuro do bar elevará uma simples voz ao veludo dos deuses.

15 abril 2007

Sem-nome do dizer da palavra

Um gesto modifica o seio
Uma escolha transforma o homem
Um dia que desfaz a incerteza
Minutos que compõem o destempo do sentimento
A eternidade do instante que é fogo
que é sopro
que é sangue
que é humano
Um sem-nome somente sentido
Sem símbolos
Sem a necessidade do verbo
do substantivo
do dizer.
Basta sentir.

16 março 2007

A ventura

Um dia
Uma escolha
Sem pretensões

Transformações

Encontro o outro no viver
E Vinícius toma minha forma
Quero tornar a sentir:
assim, assim
De um jeito leve
Descontraído
Como uma dor que explode do peito
E te faz novamente viver.

Vivo para conquistar
E viver sem amar
é chorar sem querer
é sofrer sem motivo
é perder e sorrir

Quem ama se destrói
para se refazer no seio do sentimento
Uma catástrofe interior
que se torna o prazer mais sublime
porque quem ama morre
e renasce no corpo do outro.

13 março 2007

Canto dos pobres

O homem é um fraco
depende do sorriso delas
mas os fracos vivem
nunca se escondem
de sentir
de querer sofrer.
Os fortes sobrevivem
sobrevivem
sobrevivem
...
No claustro de suas fortalezas arenosas
o óbvio os assombra
e encanta.

05 março 2007

Exagero

Mais um dia
Mais um tanto de compaixão
Mais uma vez
Mais um tanto de afeição
Mais um dia
Mais uma vez
Mais e mais encantamento
Mais um
Mais outro
Sempre mais
Mais vocês.

26 fevereiro 2007

GGAPAJJM

São inspiradoras
Provocam saudade
Sem alarde

Regeneram o corpo
Como curandeiras
Curam doenças
Como Deusas

Decidem ser tua
Sem ser de ninguém
São elas mulheres
Que te viram do avesso
Sem carne, sem suor
Pois são rainhas
Pertencem ao mundo
Mas existem para ti
São lindas mulheres
Que te trazem à vida
Como o ar, a água e o alimento
Como a felicidade e a tristeza
Como o nascer e o repousar do sol

Elas são a pura essência
São o sabor de existir
São o espelho dos homens
Repletos de medo pela a face desnuda

Sem elas me sinto um copo vazio de ar
Um casal sem filhos
Uma casa sem cães
Uma vida sem amores.

23 janeiro 2007

Estações

O coração morre lentamente...
perdendo a esperança, como folhas.
Até que, um dia, nada resta.
Nenhuma esperança.
Não resta nada.
Ela se pinta para esconder o rosto.
Seus olhos são águas profundas.

O outono termina...
Na leveza dos olhos amantes.

Autor: unknown.

08 janeiro 2007

Lembrar - Esquecer - ???

Existe o dia que todos lembram. Mas existem as horas que a solidão é necessária. Contudo, a solidão solitária é um engodo que se levanta do estômago, estremece as mãos, adormece os braços e as pernas, faz explodir um enjôo que amolece o corpo, e a vontade é deitar, em qualquer canto, vestir-se por uma coberta e deixar-se quieto na interioridade do sono, único instante de esquecimento – não de paz. Neste dia que todos lembram, mas que você mesmo quer que não aconteça, sente-se uma felicidade discreta por aqueles que te admiram, sempre cuidadosos e preocupados, prontos a lhe oferecer o corpo e o seio em troca de nada, apenas de sua presença. Porém, eu quero ficar só, mas com eles, ao mesmo tempo, contradição que me atordoa, pois não sei onde quero realmente estar. Penso que correr pelas ruas seria o mesmo que dormir, exaurir-me até o fim das forças e despencar no solo, desacordado, longe daquilo que me faz querer desistir. Tenho plena certeza de que sou fraco, não fosse assim, certamente não estaria lutando comigo mesmo em busca de um modo de afirmação aos olhos alheios. Quando o lugar que lhe é guardado se perde dentro de você, é tarefa ingrata redescobri-lo, como se os olhos vissem a amada, mas o corpo impedisse a vista de enxerga-la realmente. A luta de si contra si é o que me faz delirar. E nestes delírios vago pelo mundo, sem plantar semente, à toa, na superfície de tudo, dos homens, das amadas, dos familiares e amigos, dos sonhos e angústias, tudo se passa como a brisa próxima ao mar, leve para uns, destruidora para mim, responsável por roubar-me a raiz do interior. Quando se tem este momento de desespero, no convívio com a insensatez do devaneio, podemos nos divertir - é isto que me alivia.
Do sorriso vagamos entre a loucura, o desespero e um suspiro de felicidade. Mas, afinal de contas, o que essa tal de felicidade? Bem, não sou psicólogo, nem quero saber, porque já basta de tentar explicar como funcionam as coisas, isso me chateia. A vida é para ser vivida não transformada em conceitos.

Que saco, a morte num me deixa.

Existe o dia que todos lembram. Mas existem as horas que a solidão é necessária. Contudo, a solidão solitária é um engodo que se levanta do estômago, estremece as mãos, adormece os braços e as pernas, faz explodir um enjôo que amolece o corpo, e a vontade é deitar, em qualquer canto, vestir-se por uma coberta e deixar-se quieto na interioridade do sono, único instante de esquecimento – não de paz. Neste dia que todos lembram, mas que você mesmo quer que não aconteça, sente-se uma felicidade discreta por aqueles que te admiram, sempre cuidadosos e preocupados, prontos a lhe oferecer o corpo e o seio em troca de nada, apenas de sua presença. Porém, eu quero ficar só, mas com eles, ao mesmo tempo, contradição que me atordoa, pois não sei onde quero realmente estar. Penso que correr pelas ruas seria o mesmo que dormir, exaurir-me até o fim das forças e despencar no solo, desacordado, longe daquilo que me faz querer desistir. Tenho plena certeza de que sou fraco, não fosse assim, certamente não estaria lutando comigo mesmo em busca de um modo de afirmação aos olhos alheios. Quando o lugar que lhe é guardado se perde dentro de você, é tarefa ingrata redescobri-lo, como se os olhos vissem a amada, mas o corpo impedisse a vista de enxerga-la realmente. A luta de si contra si é o que me faz delirar. E nestes delírios vago pelo mundo, sem plantar semente, à toa, na superfície de tudo, dos homens, das amadas, dos familiares e amigos, dos sonhos e angústias, tudo se passa como a brisa próxima ao mar, leve para uns, destruidora para mim, responsável por roubar-me a raiz do interior. Quando se tem este momento de desespero, no convívio com a insensatez do devaneio, podemos nos divertir - é isto que me alivia.
Do sorriso vagamos entre a loucura, o desespero e um suspiro de felicidade. Mas, afinal de contas, o que essa tal de felicidade? Bem, não sou psicólogo, nem quero saber, porque já basta de tentar explicar como funcionam as coisas, isso me chateia. A vida é para ser vivida não transformada em conceitos.

Que saco, a morte num me deixa.

Ontem fui morto. Não sei quem, nem mesmo se foi alguém, mas eu fui morto... Como aconteceu, eu não sei, há versões que em vida alguns de meus amigos contam, entretanto, daqui do alto não posso ouvi-los. Suponho porque os observo, a expressão triste de seus olhos me torna um morto melancólico, me parece que existe um certo mistério que eu nunca saberei sobre o meu falecimento. Não sei porque me preocupo, estou morto, deixe que os vivos se matem de saudades ou de ressentimento.

Agora volto à vida. Torno ao lugar de onde vim para desfazer-me do desespero, a vida quer me deixar para sempre. Sabem quando algo permanece inacabado? Pois bem, descobri que a morte é fraca, nem sequer tem o simplório poder para me deixar em paz. Quanto mais eu me debato no caixão, mais percebo que preciso saber de tudo. Só não entendo que totalidade é essa, nem mesmo como serei capaz de chegar a ela. Dúvidas e mais dúvidas, e nenhuma possibilidade de contentamento, pressinto a desgraça.

Disse que voltaria à vida, mas me equivoquei. Se voltasse daria razão aos espíritas, mas isto não, ninguém sabe como é quando a vida se extingue, só há suposições e crenças instituídas, seja por contratos ou pelo amor. Terei que me resolver sozinho.

Resolvi dormir um pouco para descobrir se há sonhos neste lugar sem cheiro. Será que se dorme onde estou? Será que estou vivo, morto ou no limiar? Ainda estou tonto, entre descordado, embriagado e enlouquecido... São tanto adjetivos, que preferiria não pensar em nenhum deles (deixem-me descansar). O restante saberão com o tempo...

02 janeiro 2007

Um pouco de areia e muita cerveja

Correndo pela praia desabei na areia, bêbado. Com o rosto coberto de areia me levantei, e continuei a correr. Corri pela areia, corri, corri, corri, sem sair da mesma praia. Corria, corria, corria, e o tempo continuava correndo de mim. Corria o tempo e eu mesmo de mim, melancólico no tempo presente, desagradével porque ilusório. Tentava parar, o mundo girava, muito alcóol... A areia me tomou por inteiro, despenquei num buraco, mas continuei correndo, agora junto de outras pessoas, ao lado delas, envolvido por suas mãos, aparentemente satisfeito por tê-las assim, próximas. Nelas eu me via, um espelho de angústia, uma presença que tornava minha estadia confortável (bêbado). Sorria e corria, sorria e corria, sorria e corria, e assim corria e sorria, eram todos grandes companheiros (bêbado). Seus gestos eram afetuosos, me pareciam mais do que irmãos de sangue: nos tornamos amigos. Concordo que eram estranhos, um tanto agressivos vez por outra, mas tal constatação só me veio depois, muito depois (uns dias somente). Fiquem atentos porque existe um grão de areia diluído no mar, ainda aguardando pela bebedeira que se seguirá noutro dia (sóbrio).