08 janeiro 2007

Que saco, a morte num me deixa.

Ontem fui morto. Não sei quem, nem mesmo se foi alguém, mas eu fui morto... Como aconteceu, eu não sei, há versões que em vida alguns de meus amigos contam, entretanto, daqui do alto não posso ouvi-los. Suponho porque os observo, a expressão triste de seus olhos me torna um morto melancólico, me parece que existe um certo mistério que eu nunca saberei sobre o meu falecimento. Não sei porque me preocupo, estou morto, deixe que os vivos se matem de saudades ou de ressentimento.

Agora volto à vida. Torno ao lugar de onde vim para desfazer-me do desespero, a vida quer me deixar para sempre. Sabem quando algo permanece inacabado? Pois bem, descobri que a morte é fraca, nem sequer tem o simplório poder para me deixar em paz. Quanto mais eu me debato no caixão, mais percebo que preciso saber de tudo. Só não entendo que totalidade é essa, nem mesmo como serei capaz de chegar a ela. Dúvidas e mais dúvidas, e nenhuma possibilidade de contentamento, pressinto a desgraça.

Disse que voltaria à vida, mas me equivoquei. Se voltasse daria razão aos espíritas, mas isto não, ninguém sabe como é quando a vida se extingue, só há suposições e crenças instituídas, seja por contratos ou pelo amor. Terei que me resolver sozinho.

Resolvi dormir um pouco para descobrir se há sonhos neste lugar sem cheiro. Será que se dorme onde estou? Será que estou vivo, morto ou no limiar? Ainda estou tonto, entre descordado, embriagado e enlouquecido... São tanto adjetivos, que preferiria não pensar em nenhum deles (deixem-me descansar). O restante saberão com o tempo...

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