31 julho 2009

Brasilidade

Uma pintura
concebida lenta
Olhos cerrados
Sem pincel
Sem tinta
Sem matéria
Somente vida
Imagem inconstante
Metamorfose de cores, formas, corpos, olhos,
Mas, em essência,
tudo se vai rijo
Incisivo
Efemeridade pueril
Escancara
Desgoverna
Inferniza
Desmarcara
Uma pintura brasileira
entre o verde e o amarelo.
(ou será azul e amarelo?)

19 julho 2009

Alguém que vem da solidão

Os dias de solidão
são agradáveis
Penso
E fico vendo tudo
Comigo.

Eles desenham
lentos
uma voz
depois um rosto
Até pedirem
em sussurros
uma ligação.

14 julho 2009

Omissão

Agora o tempo é livre.
Mas livre, pra quê?
Não sei o que fazer,
menos ainda o que dizer.

Livre, livre, livre, livre, livre, livre, livre,
livre, livre, livre, livre, livre, livre, livre,
livre, livre, livre, livre, livre, livre, livre,
livre, livre, livre, livre, livre, livre, livre,
livre, livre, livre, livre, livre, livre, livre,
livre, livre, livre, livre, livre, livre, livre,
livre, livre, livre, livre, livre, livre, livre,
livre, livre, livre, livre, livre, livre, livre,

A liberdade se tornou uma prisão. Livre?

É possível estar livre de si mesmo? Se é, quando se dá?

O que eu sou senão aquilo que os olhares supunham?

Eu gosto de alguma coisa? Eu prefiro alguma coisa?

Eu amo alguma coisa?
Diz, eu amo alguma coisa?
Diz, eu amo alguma coisa?
Diz, eu amo alguma coisa?

As paredes vêm chegando
O ar se comprime
O pulmão se retrai
A boca sem saliva
Tudo tem olhos
Todos me julgam

Parem de me ver!
Desviem estes olhos!

A sala toda tem espelhos!
As imagens vão até o infinito!
Tudo vem até mim!
Tudo termina em mim!
Fecho os olhos
Vejo olhos!
Penso em nada!
O nada me constrói!
Eu tenho matéria
Eu tenho eu!
Eu, eu sou eu?
Eu sou imagem?
Eu sou mentira!