28 dezembro 2006

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Existem amores impossíveis
Outros possíveis
Uns te tragam, e nunca mais nos libertamos
Alguns te trazem a paz
E o inferno é a paz dos loucos
Por isso escrever é conviver com um tanto de loucura
No inferno
E no amor constante.

O que escrevo pode não ser minha experiência
O que escrevo pode ser uma mera ilusão de mim mesmo
Através dos outros.

Os amores são muitos
nos vencem e crescem asas
mas podem aportar e deixar a vida errante
Entretanto quem vive como um peregrino sou eu
por isso me perco nos amores das passagens
porque a vida é uma constante navegação pelos corpos alheios.

Nos olhos dos homens existe uma lágrima que nunca seca, por isso precisa da prosa para escorrer, não para ser extinta. Abslutamete uma flor que tem a essência feminina não pode arrancar sua própria raiz, em suicídio. Entretanto, a natureza assistiu espantada ao espetáculo de uma margarida que deixou a raiz escapar de si, e matar-se melancolicamente. Nunca ouvi tantos lamentos, chorei em comunhão, fui solidário a dor que me atingiu por inteiro. Essas lágrimas nunca serão expurgadas, nunca, porque a raiz das palavras enterrou a margarida, fez dela uma lembrança inoportuna, porém interessante.

Por que título?

Não tem música
Sou cheiro
Quero carne
E fujo
De longe
Meu corpo quer pesadelos
E mais longe eu tento ficar
Para não lembrar
Sem rima, sem eco, sem voz
Servo do murro que me espanca
Olhos marejados
Sem sentido é um vazio
Que faz do espaço sem espaço
Um alívio

Um choro constante
Seja no sono
No samba
Ou nelas
O muleque está por perto
Chora mas espera
Percebe o tenso vagar de homem
Metáforas de merda
Sorrisos de um fedor horrendo

Se a poesia fosse um lamento
Escrever seria uma dor tremenda
Um uivo de raiva
Desperta a existência dos ordinários
Por isso mato a mim mesmo
Com palavras que me condenam ao ridículo

(Gosto desta morte
quero a paz)

26 dezembro 2006

Você finge que me ama, mas eu te amo sim.

Os amores são inevitáveis
Palavras odiosas não
Assim amo aqueles que me amam
Porque o amor que fingia amar a mim
De máscara travestiu-se
Para destilar a dor de si
Na minha pobre cama
Aos sussurros longínquos
Que perspassaram ouvidos afetuosos
Até entristecerem a mim
Deste tipo de amores
Eu quero o inferno.

24 dezembro 2006

Terei que me casar nove vezes.

Sem graça

Dia 23 de dezembro de 2006. Chuva, pastéis e grandes amigos. Confraternizaçao, presentes e sorrisos. Uma faca me rompe a coluna, com as mãos ela é totalmente retirada, como parte de minha sensibilidade, a alma que é arrancada pela pele. Uma dor muito mais do que física, uma morte causada por minhas próprias escolhas. Eu, morto, melancólico, sem adjetivos mais para continuar...
Me refiz, e foi breve, porque palavras são apenas símbolos que podemos esquecer ou apenas deixar que nos destruam. E para me destruir seria preciso uma força divina, não um discurso deformado por uma mentalidade que sequer conhece seus próprios princípios, desliza entre diamantes e devassidão como se assim pudesse ganhar alteridade. Choro por dentro, não escorre uma lágrima aparente porque o diabo amassa o pão, mas cabe a mim comê-lo ou não.

13 dezembro 2006

O fim dos nomes e as iniciais do perfume

A flor que se escondia no asfalto rompeu o silencio armada por suas pétalas que destilam um perfume inesquecível. As manhãs nascem cantando seu cheiro, que invade o dia, comove a noite e enlouquece a madrugada.

Vinícius cantaria para Maria. Mas ainda falta algo que precisa revelar-se. Está no perfume, poucos percebem, quase ninguém é sensível para tanto.

Seria o Mar uma Artimanha do Riso Inexplicável Ante o Hoje que precisa no fim ser exagerado, como um grito de libertaçao? Lembre-se: o princípio das palavras não segue seu perfume, há em nós um dilema: a paciência porque tudo está no fim, a definição do cheiro, do corpo e do desejo.

02 dezembro 2006

Considerações de Walter Benjamin sobre a Moda

“Aqui a moda inaugurou o entreposto dialético entre a mulher e a mercadoria – entre o desejo e o cadáver. Seu espigado e atrevido caixeiro, a morte , mede o século em braças e, por economia, ele mesmo faz o papel de manequim e gerencia pessoalemente a liquidação que, em francês, se chama révolution. Pois a moda nunca foi outra coisa senão a paródia do cadáver colorido, provocação da morte pela mulher, amargo diálogo sussurrado com a putrefação entre as gargalhadas estridentes e falsas. Isso é moda. Por isso ela muda tão rapidamente; faz cócegas na morte e já é outra, uma nova, quando a morte a procura com os olhos para bater nela. Durante um século, a moda nada ficou devendo à morte. Agora, finalmente ela está prestes a abandonar a arena. A morte, porém, doa armadura das prostitutas como troféu à margem de um novo Letes que rola pelas passagens como um rio de asfalto.”

De finha

O pequeno foi morto
Roubaram a dentadura do pai
Vendaram-na pelos olhos do filho
Só há sangue no rio
Bebês
Todos corpos levados pelo tempo vermelho
Pregos em tocos, enterrados nas costas
Água de sangue, gente de corpo
Vendidos na feira
Como farinha, mandioca e feijão

Abre-se o corredor: ai vêm os deuses

A criança sofre morte sem saber
Queria brincar mas foi adoradora de desejos
Beberam do vinho
Embriaguez, sorrisos

Da gargalhada: morte.

Mais um dia – como o dia.
Não houve causo a se contar.
Somente o mito escondido
pelos olhos de todos
que não querem além de seus cílios
e unhas postiços.

(Assim tomo palavra – breve como o tempo)

Saio do poema que é prosa muito acima de qualquer poesia, para ter com vocês uma conversação. Deixo pedras em seus calos, não quero que andem sem a desagradável sensação da dor, constante, latente. Não sei porque tento acusá-los, cruxificá-los em nome de minha própria sociopatia. Se não posso conviver harmoniosamente com os outros, trato de destrui-los, um a um: passado de meretrizes, vida de cafajestes, um prostíbulo que toma a feição de lar burguês, bucolismo do campo afeito à devassidão dos corpos, encontros e desencontros propositais, dos quais as feridas são cultivadas como cães estimados. Se sou mal como Hitler e cruel como César, desejo a todos apenas a poesia, mas que seja doída, que na desgraça voltem ao texto. Não, isto não é uma tragédia edipiana, pelo amor de Deus, estamos no século XXI (e não me venham com conversa de complexos).

A poesia quer tornar
mas a prosa é antiética:
Encanta os homens pelo texto sensacional, de encontros e amores ordinários e fins fabulares. Sente-se um alívio pós-prosa, um fulgor de vida que só se extingue na manhã seguinte com mais um dose de prosa. Psicanalistas, psiquiatras e todos os especialistas no comportamento e travessuras humanas deveriam reconstruir as bases de suas teorias: bastam doses homeopáticas de uma prosa amena, cool (como diriam os jazzistas americanos para o jazz técnico e compassado) e leve (sem poesia, é claro), para reeguer os leitores (pacientes) de seus leitos todas as manhãs. O fim do marasmo, cotidiano agora debulhado em sorrisos e fins emocionantes, tal qual o que lêem. Ela preenche até o vazio religioso. Pronto: a bíblia do homem será a prosa, mas baseada nos confins da Sibéria.


Do eterno mau-olhado
Segue a prosa sem canto
Clamar o espanto
Merece prisão
Se todos fingem que sentem
E outros fingem que crêem
Matemo-nos a todos.

Esta poesia não faz sentido
como nenhuma outra:
tenho nas mãos uma calcinha
(minha cunhada)
nos armários e no corpo, ávidas e enlouquecidas

(Nelson Rodrigues e Rubem Foseca: dois iniciantes para mim)

São mulheres de amigos, de parentes, ou do meu pai
não faço poesia, só sexo.
Coleciono calcinhas, mas só de mulheres de gente que amo.

Se vir aliança, melhor!

A poesia não começou: ela é isso. Não há melodia nem canto, é só carne e suor. Todos se tornam gente com calo nos pés, mas não sentem dor porque a dor vira anestésico. Se não sentem, não há culpa, piedade, remorso ou limite: o corpo dormente se sente ivulnerável, aquilo que cada um mastiga é o desejo de ser, é o futuro. Mastigar, mastigar e engolir, esta é a prosa-poética do nosso tempo.

21 novembro 2006

A caminho do inferno

Sugestão do editor de minha revista: escreva sem romantismo, enxugue seu texto como o deserto absorve a energia vital do homem. Seu carisma é a sua síntese, o seu pressentimento das vontades superficiais daqueles que pouco lêem além dos letreiros, e propagandas de liquidações de roupas e celulares será o crescimento de sua carreira. Não se deixe envolver por aquilo que escreve, sinta apenas dentro de ti, não em seu texto. Acomode-se no escritório, limpe a mesa, e seja pragmático como um comerciantes português. Não, não precisa voltar no tempo: tenha o espírito dos judeus americanos, assim ser tornará um exímio fazedor de dinheiro. Eis aqui a sua meta: nos tornar ricos.

Agora faça o que combinamos porque para além do seu texto não há nada que preste, só ingenuidade e pieguice. Escute o que digo pois desta maneira tornar-se-á nosso grande investimento, pense nisso, seja prático uma vez na vida.

Depois de ouvir as palestras de meu chefe durante dias sobre como deveriam ser meus textos, parti para minha investida no congresso internacional a que me enviaram como principal jornalista de nosso pequeno jornal. Ainda não tenho idéia de como será minha conduta, mas preciso ficar quieto algumas horas para rever alguns papéis, ler um pouco, para depois me decidir. Estou ainda inquieto, tenho receio de ser demitido, me sinto incapaz de adaptar-me a esta imposição. Enfim, deixem-me a sós, preciso de silêncio por alguns dias.

Contem com minha presença diária, apenas pelo prazer do texto, pelo menos é assim que me lanço no silêncio da solidão agreste que me tornaria Paulo Honório, não fosse minha angustiosa excentricidade. Não sou personagem, nem mesmo narrador, sou apenas um homem em viagem escrevndo para não se ver só. Por isso não termino, me despeço tantas vezes, pois a saudade já corre em mim, como chuva torrencial. Onde estão todos agora que não há nada além de mim mesmo e deste onibus que me espera? A resposta é óbvia, por isso continuarei mais tarde, para poder aproximar-me de todos uma vez mais (creio que será inviável seguir os passos propostos pelo meu editor, meus sentidos se valem do poder das palavras, não de sua objetividade, acho que deste modo serei realmente demitido...).

15 novembro 2006

Um apelo aos deuses

Do sorriso extraio um desejo que transformado pelo tempo atrai o ódio. Neste rosto de angélicas linhas está desenhado o poder da devassidão, mas ainda não descobri que força é esta que me lança ao corpo do sentimento ardiloso que é o amor, mesmo que seja vil sua essência, mesmo que se torne um martírio, mesmo que seja uma eterna reprodução de minhas neuroses, mesmo que seja apenas a redundância que me impede de ver o óbvio que caminha ao meu lado, mesmo que ele seja eu mesmo em conflito pelo amor-próprio. Mesmo que nada disso seja real, eu sou produto de mim mesmo em profusão detestável pelo encontro da minha figura menos rude, sem minhas brutalidades, sem minha impulsão. Duvido neste ponto de mim mesmo, porque se me falta o ímpeto, me descontruo, sou uma imagem refletida em um espelho disforme, é um fim inevitável para minha existência tensa e fugaz. Se me querem como qualquer um que vaga pelas estradas sedentos pelo trato com o outro apenas na carne e no sabor, me suicidarei o quanto antes, para descobrir se noutro espaço existir faz algum sentido. Entretanto, minha vida é minha consciência, por isso não me rendo, e leio, porque na leitura encontro as profundezas obscuras que me constituem enquanto homem. São mulheres e homens que permeiam este imaginário, excêntrico para alguns, piegas para muitos, ingênuo para o mundo. Se me chamam "Idiota", isto só me faz envaidescer, porque me vejo inserido no universo dostoievskiano como aqueles que serão personagens para além de seu tempo, percorrendo as intempéries do tempo humano, transformando pensamento e vida. Se me chamam "Ingênuo", preciso rapidamente escrever um livro e utilizar este adjetivo como título de uma obra que consagrará uma criatura a viver pelos outros. Assim me destituo do comprometimento com podres cordas para morrer em vida e buscar destruir o ressentimento, romper com os limites que nos obrigamos a seguir, somente para me reconstruir e devolver ao homem a noção do pecado original: a maçã tem que ser nosso alimento, o símbolo do amor pelos outros, como a nós mesmos.

Inspiração - Vinícius

Este seu olhar

Este seu olhar
Quando encontra o meu
Fala de umas coisas
Que eu não posso acreditar

Doce é sonhar
É pensar que você
Gosta de mim
Como eu de você!

Mas a ilusão
Quando se desfaz
Dói no coração
De quem sonhou, sonhou demais

Ah! Se eu pudesse entender
O que dizem os seus olhos...

Eu sei que vou te amar

Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida
eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Prá te dizer que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida

Primeiro Ato - Dioniso

Seria um dia qualquer essa segunda. Entretanto, morri, e agora ouço vozes que me perturbam a tranqüilidade aqui, onde achei que seria o não-ser. Há dois velhos e uma senhorita, além de uma quase morta idosa, que insistem para que eu volte à Rua do Meio, no interior deles. Não entendo o que dizem, suponho através dos movimentos que fazem com as mãos, creio que a me chamar. Eu, daqui, desse nada, onde tudo é incolor e indolor, sinto um feixe de luz do sol aquecendo parte de minha consciência. Não tenho corpo, sou um emaranhado de sensações e lembranças, como se os dias estivessem trancafiados em minha impossibilidade de perceber a intenção, devido ao meu estado de vazio. Nem mesmo o ar me acompanha por esses lados, estou mais comigo do que quando na terra me deixava ficar entorpecido de álcool sozinho no quarto dos fundos da pensão onde sempre morei. Recordações fugidias aparecem e correm, velozes como o vôo de um beija-flor. Não posso mais conceituar meus sentimentos, porque daqui apenas o passado inatingível me ocorre. De nada esqueço, cada detalhe me entope não sei que parte, só sei que de alguma maneira tendo a explodir. Algo será lançado para os ares, preciso de uma festa agora mesmo. Será possível chamá-los, uma vez que só eles me vêem? Creio ser uma virtude aproximar-me deles, assim, derrepente, este estranho caminho possa ser trilhado, porque aqui não há nada além da minha eterna memória.

Resolvi ir ao encontro deles. Já estavam em festa: ouvia gritos e urros por toda parte, além de muita comida e de bebida espalhada pelos cantos. Parece-me que eu estava deitado no centro do salão principal, onde todos ritualizavam alguma passagem, celebravam meus olhos que se abriam como o dia nascendo. E o dia estava realmente sendo criado, era aquele o instante da geração da terra, do homem, dos animais, dos rios e dos mares, estrelas e mulheres... Pude enfim respirar, reconhecendo um perfume que me vinha à lembrança mas que era irreconhecível no não-ser. Minha lenta respiração, cujos movimentos pulmonares seguiam sua tranqüilidade, era pura e bela, minhas virtudes escapavam pelos poros, sensação que contagiava o ambienta, provocando euforia. O perfume, bem, dele eu já ia me esquecendo, este sim foi o motivo da cantoria geral. Perceberam que todos se libertavam, corriam, podiam agora se despir das roupas e tornarem ao primitivo instinto dos animais: sentir, comer e procriar. Todos ali se puseram em espírito dionisíaco, banhando-se em vinho, lançando-se uns aos outros como eternos amantes, sem aguardar o futuro, para eles não havia objetivo, apenas viver.

T.M - Segundo Ato - Adoração

Quando o amor é revelado pelas clássicas palavras “Eu te amo”, há um descontrole eufórico que atordoa e faz o chão desabar. Somos lançados numa existência diferente, acredito que quase plena, porque instigada pela presença do sentimento do outro, a deseja-lo, e querer de ti a fugaz tentação de um belo e simples sorriso em mais um dia qualquer. Divide-se o corpo pelo centro, tornamo-nos o outro e nós, trancafiados na carapaça sentimental que se instaura no ato de sedução e na consumação da imutabilidade do encontro dos olhares, que, diante do frêmito do coração, inquieto para além das necessidades físicas, afeito aos mais ordinários movimentos, aguardando um breve lampejo de sensibilidade para completar-se como uma entidade apocalíptica que destrói o orgulho, a desunião, a maldade, para existir em comunhão com o amor que cerca ambos os corpos. O sol se torna um ser mais do que vivo, sempre a aquecer e brilhar nalgum canto, mesmo que aos meus olhos venha a lua, sua luz é produto solar, estrela maior que abraça a pequena prata vagando pelo céu acompanhada pelo afago afetivo que de muitas mãos e extensões acolhe a tudo e a todos. É o símbolo do amor pelos homens, pelos cães e pelas árvores, porque de si a vida explode em desesperada correria, em tempo curto crescemos e nos transformamos, até tornarmos ao estado natural: a terra. Ela, devidamente aquecida, faz voltar a vida novos corpos, novos seres, novas consciências, que sozinhas rumam como cadáveres, sendo os dias e noites um ciclo vicioso de letárgica ausência de sentido, a espreita, inconscientes na busca pelos olhos, e que olhos. Se os olhos não vêem, é do interior que a visão sente, porque a beleza, como Borges sempre disse, é sentida com o corpo todo. Se não somos capazes de nos arrebatarmos por qualquer modalidade do belo, teremos que lançar mão do sangue que ressoa em nós em nome do outro, porque todo corpo possui sua beleza inerente. Não existe rascunho de beleza, nossa sensibilidade é que precisa ser apurada e redesenhada para atingir a perfeição guardada em tudo, uma vez que é nas imperfeições que encontram-se os delírios joviais do amor. O atordoamento é o salto para a libertação da evidente beleza que está orgulhosamente a espera de olhos mais requintados para atingi-la em sua totalidade, completude esta que é alcançada pela aquisição do espírito amante que jaz encarnado noutras gerações mas que devidamente talhada ressurge no presente com um furor inacreditável, desloca massas e arde corpos como o diabo no inferno produz nossos mais intestinos pecados, porque é em nós que está Deus e o cramulhão.

Se fossem olhos quaisquer, diriam que ela é apenas uma mulher de olhos verdes, cujos cabelos castanhos claros escorridos nas costas contornam as sinuosidades de um corpo antes de menina, agora mais do que de mulher. Os olhos antes calosos, agora suavizados pelo encanto desta mulher, captam a beleza física óbvia para fundi-la à idéia de uma figura feminina atordoante. Percepção agônica para muitos, possível de provocar angústia e repulsa, mas para estes olhos que narram, ela simboliza uma espécie nunca divina, mas fundamentalmente humana. Se na superfície física os olhos ingênuos logo encontram contornos deliciosos como o chocolate, marca do sentimento de delírio interior, de cujo sabor os olhos se refestelam e lambuzam para além da razão, ao descortinar a superficialidade da prévia e ilusória visão, chego a um passo da humanização plena. Foge ao caráter, não é fruto apenas de uma personalidade que se definiu mais do que solidamente, nem mesmo do olhar e do movimento corpóreo que insinuam sensualidade e erotismo que nunca tangenciam a pornografia vulgar. É nos olhos que se encontra sua verdadeira beleza, porque muito além de serem sua janela da alma, eles encantam e estremecem a existência dos outros. Sem conviver com suas peculiaridades seríamos órfãos do mundo, pois teus olhos mais do que representarem a natureza humana e física na terra, simbolizam o sopro de vida e sensibilidade que pode ser ainda descoberto nos homens. Sem teus olhos, não haveria mais a chuva, os mar seria aprisionado na calmaria eterna, e nós, mortos-vivos, seríamos acometidos pela morte do sol, que melancolicamente caminharia entre todos os homens como um cadáver decrépito, disforme, opaco, sem um leve brilho.

Você, T. M., faz o leão conviver com as zebras, apazigua o ódio entre os homens com um breve olhar que extingue a ganância e a tristeza. Absolutamente em seus olhos reside sua vida e essência, sem beatitude, sem pureza, porque isto é coisa do diabo, uma vez que temos dentro de nós o sentido do corpo que é a carne. Convivemos como que travando uma batalha entre o bem e o mal, mas somos as duas entidades, justamente pela nossa imperfeição. É por isso que teus olhos emanam a vida, em todas as suas caras e bocas, expressões das mais diversas das quais é possível conviver para a eternidade. Aliás, é necessário para todo mortal este contato, como com qualquer obra de Picasso ou Monet, Dostoievski ou Shakespeare. Sua arte é o teu olhar: é nele que está a arte da feminilidade, ou melhor, o que é ser mulher.

27 setembro 2006

O ex-morto que morreu de novo - e fez a vistoria

Ansiosos, não sabíamos como seria a nossa segunda-feira. Passamos horas em reunião familiar para decidir o destino de nosso Tio Avô, há dois anos falecido, mas que fôra intimado pela justiça a realizar a vistoria de seu carro. Enfim, deveríamos levar o caixão? Ou seria melhor abri-lo e arrancar-lhe a cabeça como prova cabal de que o morto estava morto, e que era nosso parente, por isso nos encaminhávamos para a repartição pública? Aliás, creio que seria mais sutil levar um teste de dna de seus fios de cabelo juntamente com o meu, o deu meu pai e irmão, esta sim seria uma medida decisiva.

Nossa reunião de nada serviu. Chegamos ao nada, discutimos sobre o além, das trevas chegamos ao caos existente na terra até o vermelho dos olhos do carcará, mas nunca numa resolução prática para o nosso causo. Até mesmo no inferno a burocracia emperra a máquina do mundo, disse minha avó séria e convicta. Nós, entretanto, não pudemos conter o riso. Fomos às lágrimas inclusive, pois aquela situação era patética demais para realizar-se plenamente. Nosso carnaval gerou tamanha euforia que uma explosão de energia culminou de todas as frestas e cantos da sala, nossos olhos foram ofuscados e nos perdemos em delírios por alguns instantes. Quando retomamos a consciência, percebemos que o Tio Avô estava conosco novamente. A situação já era tão absurda, que nem mesmo assustados conseguimos ficar, me parece que sofremos de mais um instante de confusão, tanto é que perdemo-nos em gargalhadas e gritos, meu pai até espasmos e crises nervosas teve. Mais um momento de fervor, muito mais de loucura do que de desespero, era muita surrealidade para pouco tempo de vida. O mundo que não era mais mundo, perdera-se no labirintico emaranhado de regras ininteligíveis criadas pelas autoridades político-religiosas de nosso sempre-tempo, alheio às mínimas tendências facilitadoras do mínimo entendimento entre os homens. Inclusive a minha escrita reflete esta inoperância das criações legais da humanidade, antes delineadas com o intuito de reger de forma simples o convívio dos homens, mas detidas e aprisionadas no seio da complexa rede impenetrável de leis e ordens irreconhecíveis aos olhos do mais sábio dos homens.

Retomando o ponto, porque já basta de guerreiros do funcionalismo público. O Tio Avô ressurgiu e todos agora recompostos e devidamente sentados apenas observavam aquela criatura decrépita de pé, imóvel, branca como uma polaca, destruída pelos vermes de Brás Cubas. Dante teria receio de ater os olhos nessa figura satânica que mais provocava estranhamento e repulsa do que propriamente terror. Longo tempo fitando cada um de nós, fez com que voltasse ao mundo dos vivos, ganhasse cor, e, fundamentalmente, malícia. Percebeu nossa encruzilhada, e logo foi desatando o nó:

- Por que vocês não tiram uma xerox de mim e levam no meu lugar? Dizendo isto, desatou a rir. Nós ficamos ainda um tempo surpresos, porque não esperávamos que um morto se pronunciasse. Longe das formalidades, céu e inferno fundiram-se na terra, à frente de nós, espetáculo previsto pelos profetas, mas presenciado pela nossa família – inclusive pela nossa cadela, Juju. Como não havia mais entraves às nossas palavras, lançamo-nos a tratar dos planos mais loucos: acatamos a orientação do Tio Avô, e fomos nós xerocá-lo. Como ninguém iria perceber que aquele senhor era um ex-morto, não é necessário perder tempo com o episódio da papelaria dos portugueses perto de nossa casa. Passemos ao fim.

Como não cabíamos todos no carro, resolvi ir só. Devidamente envelopado, o Tio Avô e sua xerox permaneceram calados no banco do carona até que toda a operação da vistoria fosse concluída. Quando fechei o capô, o rapaz que realizava os serviços perguntou se eu era o proprietário. Rapidamente retirei a xerox do Tio Avô do envelope e entreguei nas mãos dele, ao passo que o Tio Avô propriamente dito permaneceu inerte no escuro do envelope pardo. Aceitando a xerox formalmente autenticada como documento oficial, logo pude me dirigir para o setor de impressão de documentos, e lá seria meu grande carnaval.

Sentados em cadeiras sem encosto espalhadas por uma sala enorme e retangular, todos os homens do mundo pareciam ter escolhido aquele dia e aquele mesmo instante para pagar todos os seus pecados. Durante dias permanecemos ali, as nádegas dormentes, as pernas formigando, uma vez que de um leve movimento toda a ordem seria transmutada em caos e desarmonia, seríamos lançados diretamente para o inferno dos documentos, onde todas as nossas pendências são armazenadas para serem na vida após a morte desnudadas.

Bom, depois de muito penar, chamou-se o nome do Tio Avô. A senhorita que me atendia no caixa de número 2 milhões e 27 até que era bonita, não era coxa como Eugênia, mas cintilavam de sua orelha bolas de cera que sujavam toda a sua branca camiseta. Não seria de se espantar, afinal de contas fazia anos os atendentes tinham naquela baia suas casas e banheiros, lavabos e dormitórios. Enfim, ela era bonita, porém mal tratada pela obviedade de sua profissão, por isso prática como a memória de um pentium moderno.

Sem intenção, provoquei uma revolução momentânea (revolução no sentido lato da palavra, conceito de transformação absoluta que nunca ocorreu na história humana). Ao dizer que aquele senhor era meu Tio, e tio avô, senti a febre nos olhos da menina, inapta a realizar tal operação, temerosa por ser obrigada a recorrer à sua superiora, bruxa assumida, tanto é que viajou no tempo, lá da inquisição para profanar os homens (pós) modernos e acabou sendo catequizada pelo pragmatismo das instituições citadinas de nosso tempo. Tornou-se uma máquina deveras engajada e dedicada, que faria inveja a Chaplin. Sequer foi preciso respirar para responder à pergunta da menina-confusa, sem titubear gritou que a xerox é o homem, não precisamos de nada mais.

E assim o documento foi impresso, a vistoria realizada e o carro legalizado.Tio Avô voltou para o além dos mortos que não sabemos se é além ou ali, ou se é lá ou no nunca, no tempo sem tempo, na eternidade do nosso sonho de conhecer o que sabemos ser inatingível. A xerox substitui o homem, esteja ele morto ou doente, sadio ou moribundo; se traveste de homem, para assim poder sair à noite para viver a libertinagem do reino dos homens.

06 setembro 2006

Encontro comigo-no-outro

As palavras assumem caráter mítico conforme a inspiração que as elevem ao divino. Vê-las no infinito da significação é construir no intestino o outro que te subverte à condição de homem. Se o objeto é motivo de afetos, das palavras extraimos a seiva, o mel, o leite e o vinho de Baco, somente descobertos no encontro com as ninfas, mulheres que vivem da liberdade suprema. As palavras são as bacantes: mas só assumem esse caráter a partir de suas predecessoras, figuras destinadas ao encontro com os homens para guiá-los ao saber e a sensibilidade, que por sua vez, dependem da feminilidade do ser que os orienta. Baudelaire diz que elas fecundam o conhecimento. Digo que elas fecundam a arte. Mas tratar delas no signicado amplo é humnizar o oráculo de Delfos. Sua figura é o híbrido das Bacantes, com Hera e Agustina: dos deuses, à deusa, à mulher. Telúrico é Torga, porque da Mãe-Terra semeamos o mundo, criamos os homens e os mitos. Face à realidade, tudo se torna encantador aos olhos desta criatura. Se me reconheço enquanto homem é porque esta alma que nunca morreu, sempre existiu, mais do que platônica, além de Zeus, é que descontruiu os elos de minha figura antes rígida e insolúvel, enjaulada no saber imutável. Se penso é fruto de uma existência redescoberta pela vida no seio da simplicidade que te constitui.

Perturbação

Poesia
Espaço
Para
Descontruir
No movimento
Da desordem
A alteridade
É a ordem
Das palavras
Sem conectivos
Ver
Descrença
Melodia
Morta
Língua
Veneno
Brasa
Fogo
Cantar
Nunca
Agora
Sangue
Fealdade
Lamber
Saber
Destruir
Melodrama
Nada
De lugar-comum

03 agosto 2006

Primeiro Ato - de quando elas são des-(n)ud-adas

Coro - Não riam, nem chorem. Ela é mais uma figura que se encontra na esquina.
Apresentação:
O sorriso que chora. O sorriso dela esconde melancolia. Esse cabelo com sebo forçosamente puxado para a esquerda e dividido ao meio, corta o coro cabeludo e fragmenta sua personalidade como a onda que se forma dessa irrealidade capilar: que topete terrível, vejo os lábios do coringa, tão forçados como plástica sem cirurgia. Quando em tudo há graça, percebe-se que o sorriso exagerado precisa carência e ingenuidade. A ironia e o humor são requinte, o que lhe falta. Sapientia, não se nasce com, bebe-se dela quando se vive além do corpo, a procura de viva-memória, de conhecer e ter além do prazer. Ela, contudo, coitada, é só coito, vive do estímulo imediato, por isso efêmero, em tudo. Se quer sexo, é nada mais do que ejaculação. Se deseja o prazer, compra um sapato. Ser quer comer, pede uma coxinha de galinha encharcada de gordura. Se quer uma cerveja, bebe numa talagada, e limpa os “beiços” com a barra da camisa – ou com a toalha; aproveitar a embriaguez é um luxo, o alcóol desliza por sua espinha, causa um incômodo e excitante calfrio, e pronto, foi. E assim ela segue só-riso de desespero-desamparo-delinquência.

02 agosto 2006

29 julho 2006

Ponto do ponto

...
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
pra fazer a fantasia
de rei ou de pirata
ou jardinera
E tudo se acabar na quarta-feira
Tristeza não tem fim
Felicidade sim.

O carnaval seria...
Mas o dia-a-dia é.

Um dia que poderia
Mas não é permitido.

Sombra de sonho
sem liberdade.

Tudo tem ponto
porque é nosso desejo.

Sou louco ao ponto
de querer o descanso.

Não sei onde me leva o conto
porque tudo termina num ponto.

Do ponto tudo é Literatura

24 julho 2006

FOLÁ

Não estou aqui
É lá
e ali
Quem disse que
corpo e fantasia
estão atados
no espaço e no tempo?

Venho Para-ti
no mar no carro
Estou para-mim
sendo
todos os advérbios
menos o meu lugar e o meu tempo.

Para-qui
Para-li
Parado
Na ausência de tudo
do espaço inconsintente
e mais:
diluído.

18 julho 2006

A clínica fica em Rio de Dentro. Aqui os médicos me vêm sempre com esses xaropes coloridos, de hora em hora, para evitar crises nervosas. Me dizem que estou praticamente curado, bastam algumas semanas que as doses dos remédios serão diminuídas, até não precisar de nada. Mal sei como escrevo isso, não entendo nada do que me falam, vivo um tempo ausente. Meu corpo sangra pelos poros como se fosse suor, contraído me causa enxaquecas que turvam meus olhos... Também não sei como tenho noção de minhas reações, meu tempo é nunca. Vejo todos andando sem rumo, de um lado a outro, olhos vidrados nas paredes brancas do refeitório central. Alguns se aproximam de mim, percebo que os lábios se movem, mas tudo que dizem é som sem significado, me tornam mais distante ainda. Aliás, nem sei, creio que me aproximam da realidade, mas meu corpo rejeita tudo, seja o doce, seja o mal. Vivo neste meio sem existir. Vagando torpe me descubro nu, enquanto todos estão de branco, me vejo sentado agarrado aos joelhos, movendo-me como uma cadeira de balanço. Os médicos querem me levar, parece que tive uma recaída, mas não, eu não melhorei, estou no limbo. Se me faz bem, já nem sei, se me faz mal, tenho lá minhas dúvidas, acontece que Miles e Coltrane me contaram suas experiências e eu nem mesmo sorri para eles. Agora me sinto mal, rejeitei meus ícones, como se fossem lixo-jazz. Subo as paredes do refeitório rasgando meus dedos, há marcas de sangue por todo o salão. Ninguém consegue me alcançar. Não vivo o mesmo tempo de todos, vivo um tempo distante, ausente do espaço e do próprio tempo. Longe de mim nada se move, nada é sentido. Só sei que os remédios não estão funcionando. Curioso, porque sinto dor e paz na mesma idade, vago entre o certo e o incerto num flash. Me diluo em minhas fantasias e medos, e os médicos sequer vislumbram esse ritmo. Não quero mais remédios, tenho que sair daqui!

17 julho 2006

Não

Cale-se
Sussure para si
Espere
Fale com os olhos
Não diga
Respire

16 julho 2006

...

Desrealização
Sinto de todo
O tempo é duro
Lento...
Lento...
Lento...
Lento...
...
...
...
...
O tempo criado
é tempo assassino
e de assassinos
Feras
Sangue
Cheiro de podre que exala
Anestésico
Somos passivos
MOrtos
Tenho nojo
Não se pOde mais amar
Assassinos!!!!!
O tempo...
...
...
...
...
...
( )

11 julho 2006

Diálogo Di Dentro

Temo pelo imprevisível. Acho que me refugio no temor para não encarar o óbvio. Se o imprevisível me aflige, o que fazer? Sentar, comer e dormir? Não creio. Não ficarei na “sala de jantar” esperando pela morte. Entretanto, sinto o peso de um fim anunciado, que só minhas entranhas teimam em deixar acontecer. Temo porque tenho medo de ter medo. Por isso sofro ainda mais, uma vez que nem medo consigo ter: eu fujo dele. Mas querer fugir, então, é uma gota de orvalho que ainda resta. Veja, continuo correndo, só eu não percebo. Páre, não é assim: se eu corro sinto minhas pernas dormentes sigo tenho câimbras permaneço a trajetória luto (dói como dói) em frente só o horizonte infinito de minha ambição; sonho (todos ficaram sem ar). No ponto final descubro que há fim, sempre – e para tudo. Sentado no meio fio, recorro a Deus (o que nunca faço, porque pessoa mais incrédula que eu não deve ser de boa índole – ou seja, ninguém). Travo uma disputa pessoal: eu contra mim. Não me venham vocês que estudam língua, assim que quero, e assim eu escrevo. Desejo um dia sem ponto, mas o dia do ponto me parece excitante.

27 junho 2006

Carnaval às avessas

No Brasil vivemos o carnaval anual e a festa carnavalesta quadrienal, a Copa do Mundo. Instigamos a revolta, subvertemos até o papa quando se trata da seleção brasileira. Somos capazes de deixar o trabalho por um mês, até mesmo pedir demissão para mergulharmos de corpo e feridas na multidão acotovelando-se de tanto prazer. É o momento de contradição: no Brasil todos se tornam iguais, todos podem tudo, até mesmo escrever sem ponto sem palavra sem letras ( ).
Onde tudo é possível, surge o autoritarismo. Só nós podemos ser iguais. O resto do mundo sucumbe à grandeza de nosso talento. Arianos nós nos consideramos, mesmo que sejamos mulatos-portugueses-ganeses-togoleses-franceses...A miscigenação que nos torna divindades. Mas somos divindades efêmeras, por isso repressivas. Exigimos de nossa única expressão hegemônica (porque democrática e plástica), o futebol, a supressão absoluta dos oponentes. Não podemos exibir uma pitada de fragilidade, então temos de ser superhomens eternamente para permanecermos com as tamancas nos pés. Entrentanto, trinta dias passam ferozes, o apelo do carnaval se dilui como a pele atingida por água fervente. É nítida nossa frouxidão, é pena que sejamos tão pusilânimes. Escancarar os dentes para um velho decrépito é simples, vomitar pedantismo diante do medigo morto é desumanidade. Os trinta dias se foram, despencamos do trono esborrachados e indolores, porque não vemos o óbvio: somos frouxos e adoramos chutar cachorro morto, enquanto o único cão que nos dignifica é achilcalhado publicamente.
Os gatos e os cães raivosos têm muita ração e nós ainda compramos as mais refinadas para eles.

23 junho 2006

FARRA DU DOIDO

Casimiro Lopes abriu a porteira. Onde passa boi, passa boiada!!!