22 janeiro 2008

Ficar

Tenho um vício: sentar-me à varanda.
Ficar, ficar, ficar...
Não sei o que vejo.
Nem penso o que sinto.
Sei que fico, fico, fico...

Tenho medo de morrer ficando...

Quando sou, lembro, e quando lembro, penso.
Sei que sinto porque penso que sinto.
E assim deixo de ficar.
Só sinto ao me deparar com a vontade imensa
de retornar àquele instante
que não é lugar
não é matéria, não é espaço
é um tempo sem toque
um vestígio de encanto
é o sopro suave da melodia que percorre o ar
sem seu amparo.
Para o impulso
existe apenas a motivação de sua presença.
Não é seca nem amarga a tensão que nos impele a fazer
(não a pensar).
Não é nada
Porque dizer é tentar saber.
Saber não se sabe
Sentir é sentir.
E ficar é sentir sem precisar pensar em sentir.
Ficar deve ser amar, pois.