23 janeiro 2007

Estações

O coração morre lentamente...
perdendo a esperança, como folhas.
Até que, um dia, nada resta.
Nenhuma esperança.
Não resta nada.
Ela se pinta para esconder o rosto.
Seus olhos são águas profundas.

O outono termina...
Na leveza dos olhos amantes.

Autor: unknown.

08 janeiro 2007

Lembrar - Esquecer - ???

Existe o dia que todos lembram. Mas existem as horas que a solidão é necessária. Contudo, a solidão solitária é um engodo que se levanta do estômago, estremece as mãos, adormece os braços e as pernas, faz explodir um enjôo que amolece o corpo, e a vontade é deitar, em qualquer canto, vestir-se por uma coberta e deixar-se quieto na interioridade do sono, único instante de esquecimento – não de paz. Neste dia que todos lembram, mas que você mesmo quer que não aconteça, sente-se uma felicidade discreta por aqueles que te admiram, sempre cuidadosos e preocupados, prontos a lhe oferecer o corpo e o seio em troca de nada, apenas de sua presença. Porém, eu quero ficar só, mas com eles, ao mesmo tempo, contradição que me atordoa, pois não sei onde quero realmente estar. Penso que correr pelas ruas seria o mesmo que dormir, exaurir-me até o fim das forças e despencar no solo, desacordado, longe daquilo que me faz querer desistir. Tenho plena certeza de que sou fraco, não fosse assim, certamente não estaria lutando comigo mesmo em busca de um modo de afirmação aos olhos alheios. Quando o lugar que lhe é guardado se perde dentro de você, é tarefa ingrata redescobri-lo, como se os olhos vissem a amada, mas o corpo impedisse a vista de enxerga-la realmente. A luta de si contra si é o que me faz delirar. E nestes delírios vago pelo mundo, sem plantar semente, à toa, na superfície de tudo, dos homens, das amadas, dos familiares e amigos, dos sonhos e angústias, tudo se passa como a brisa próxima ao mar, leve para uns, destruidora para mim, responsável por roubar-me a raiz do interior. Quando se tem este momento de desespero, no convívio com a insensatez do devaneio, podemos nos divertir - é isto que me alivia.
Do sorriso vagamos entre a loucura, o desespero e um suspiro de felicidade. Mas, afinal de contas, o que essa tal de felicidade? Bem, não sou psicólogo, nem quero saber, porque já basta de tentar explicar como funcionam as coisas, isso me chateia. A vida é para ser vivida não transformada em conceitos.

Que saco, a morte num me deixa.

Existe o dia que todos lembram. Mas existem as horas que a solidão é necessária. Contudo, a solidão solitária é um engodo que se levanta do estômago, estremece as mãos, adormece os braços e as pernas, faz explodir um enjôo que amolece o corpo, e a vontade é deitar, em qualquer canto, vestir-se por uma coberta e deixar-se quieto na interioridade do sono, único instante de esquecimento – não de paz. Neste dia que todos lembram, mas que você mesmo quer que não aconteça, sente-se uma felicidade discreta por aqueles que te admiram, sempre cuidadosos e preocupados, prontos a lhe oferecer o corpo e o seio em troca de nada, apenas de sua presença. Porém, eu quero ficar só, mas com eles, ao mesmo tempo, contradição que me atordoa, pois não sei onde quero realmente estar. Penso que correr pelas ruas seria o mesmo que dormir, exaurir-me até o fim das forças e despencar no solo, desacordado, longe daquilo que me faz querer desistir. Tenho plena certeza de que sou fraco, não fosse assim, certamente não estaria lutando comigo mesmo em busca de um modo de afirmação aos olhos alheios. Quando o lugar que lhe é guardado se perde dentro de você, é tarefa ingrata redescobri-lo, como se os olhos vissem a amada, mas o corpo impedisse a vista de enxerga-la realmente. A luta de si contra si é o que me faz delirar. E nestes delírios vago pelo mundo, sem plantar semente, à toa, na superfície de tudo, dos homens, das amadas, dos familiares e amigos, dos sonhos e angústias, tudo se passa como a brisa próxima ao mar, leve para uns, destruidora para mim, responsável por roubar-me a raiz do interior. Quando se tem este momento de desespero, no convívio com a insensatez do devaneio, podemos nos divertir - é isto que me alivia.
Do sorriso vagamos entre a loucura, o desespero e um suspiro de felicidade. Mas, afinal de contas, o que essa tal de felicidade? Bem, não sou psicólogo, nem quero saber, porque já basta de tentar explicar como funcionam as coisas, isso me chateia. A vida é para ser vivida não transformada em conceitos.

Que saco, a morte num me deixa.

Ontem fui morto. Não sei quem, nem mesmo se foi alguém, mas eu fui morto... Como aconteceu, eu não sei, há versões que em vida alguns de meus amigos contam, entretanto, daqui do alto não posso ouvi-los. Suponho porque os observo, a expressão triste de seus olhos me torna um morto melancólico, me parece que existe um certo mistério que eu nunca saberei sobre o meu falecimento. Não sei porque me preocupo, estou morto, deixe que os vivos se matem de saudades ou de ressentimento.

Agora volto à vida. Torno ao lugar de onde vim para desfazer-me do desespero, a vida quer me deixar para sempre. Sabem quando algo permanece inacabado? Pois bem, descobri que a morte é fraca, nem sequer tem o simplório poder para me deixar em paz. Quanto mais eu me debato no caixão, mais percebo que preciso saber de tudo. Só não entendo que totalidade é essa, nem mesmo como serei capaz de chegar a ela. Dúvidas e mais dúvidas, e nenhuma possibilidade de contentamento, pressinto a desgraça.

Disse que voltaria à vida, mas me equivoquei. Se voltasse daria razão aos espíritas, mas isto não, ninguém sabe como é quando a vida se extingue, só há suposições e crenças instituídas, seja por contratos ou pelo amor. Terei que me resolver sozinho.

Resolvi dormir um pouco para descobrir se há sonhos neste lugar sem cheiro. Será que se dorme onde estou? Será que estou vivo, morto ou no limiar? Ainda estou tonto, entre descordado, embriagado e enlouquecido... São tanto adjetivos, que preferiria não pensar em nenhum deles (deixem-me descansar). O restante saberão com o tempo...

02 janeiro 2007

Um pouco de areia e muita cerveja

Correndo pela praia desabei na areia, bêbado. Com o rosto coberto de areia me levantei, e continuei a correr. Corri pela areia, corri, corri, corri, sem sair da mesma praia. Corria, corria, corria, e o tempo continuava correndo de mim. Corria o tempo e eu mesmo de mim, melancólico no tempo presente, desagradével porque ilusório. Tentava parar, o mundo girava, muito alcóol... A areia me tomou por inteiro, despenquei num buraco, mas continuei correndo, agora junto de outras pessoas, ao lado delas, envolvido por suas mãos, aparentemente satisfeito por tê-las assim, próximas. Nelas eu me via, um espelho de angústia, uma presença que tornava minha estadia confortável (bêbado). Sorria e corria, sorria e corria, sorria e corria, e assim corria e sorria, eram todos grandes companheiros (bêbado). Seus gestos eram afetuosos, me pareciam mais do que irmãos de sangue: nos tornamos amigos. Concordo que eram estranhos, um tanto agressivos vez por outra, mas tal constatação só me veio depois, muito depois (uns dias somente). Fiquem atentos porque existe um grão de areia diluído no mar, ainda aguardando pela bebedeira que se seguirá noutro dia (sóbrio).