06 setembro 2006

Encontro comigo-no-outro

As palavras assumem caráter mítico conforme a inspiração que as elevem ao divino. Vê-las no infinito da significação é construir no intestino o outro que te subverte à condição de homem. Se o objeto é motivo de afetos, das palavras extraimos a seiva, o mel, o leite e o vinho de Baco, somente descobertos no encontro com as ninfas, mulheres que vivem da liberdade suprema. As palavras são as bacantes: mas só assumem esse caráter a partir de suas predecessoras, figuras destinadas ao encontro com os homens para guiá-los ao saber e a sensibilidade, que por sua vez, dependem da feminilidade do ser que os orienta. Baudelaire diz que elas fecundam o conhecimento. Digo que elas fecundam a arte. Mas tratar delas no signicado amplo é humnizar o oráculo de Delfos. Sua figura é o híbrido das Bacantes, com Hera e Agustina: dos deuses, à deusa, à mulher. Telúrico é Torga, porque da Mãe-Terra semeamos o mundo, criamos os homens e os mitos. Face à realidade, tudo se torna encantador aos olhos desta criatura. Se me reconheço enquanto homem é porque esta alma que nunca morreu, sempre existiu, mais do que platônica, além de Zeus, é que descontruiu os elos de minha figura antes rígida e insolúvel, enjaulada no saber imutável. Se penso é fruto de uma existência redescoberta pela vida no seio da simplicidade que te constitui.

4 comentários:

Anônimo disse...

Viva a partilha, a comunhão, o encontro com o outro e consigo mesmo!
Viva o prazer da co-existência e da amizade!

um beijo no seu coração...

Anônimo disse...

lido e compreendido.
fiz censura com meu comentário.

Anônimo disse...

ADOREI...

Anônimo disse...

Evoé Momo!