08 novembro 2011

A beira

Você morreu, e meus olhos foram levados pelos seus que se iam em um desespero sinistramente calado, angustiado porque sabia que aquilo enfim era o fim e nunca mais estaríamos, nem muito menos seríamos o que criamos pelo tempo e pelo afeto. Senti em você a presença da inexistência como se não ser fosse possível mesmo estando e sendo. Sentir o bafo aterrador do ato de morrer parece o início do não viver. Começamos a morrer quando os fragmentos de nossa essência se apagam no fim do dia com a inexistência gradativa daqueles que nos fazem humanos. Nascemos, pois, à beira de não ser.

4 comentários:

Iguimarães disse...

Textos curtos?
Homem Conciso?
A beira de mudanças?
Beira é quase a margem,
margem já é terra,
sinal de que os pés precisam de um espaço para ficar:
"quem sabe a morte,angústia de quem vive"

Yan Venturin disse...

"Começamos a morrer quando os fragmentos de nossa essência se apagam no fim do dia com a inexistência gradativa daqueles que nos fazem humanos." Lindo isso, hein? Parabéns fred.

Saudades de você mestre.. grande abraço.

Anônimo disse...

A beira /à beira...

Gisele Pinheiro disse...

Fred,por que vc é tao perfeito?