11 julho 2006

Diálogo Di Dentro

Temo pelo imprevisível. Acho que me refugio no temor para não encarar o óbvio. Se o imprevisível me aflige, o que fazer? Sentar, comer e dormir? Não creio. Não ficarei na “sala de jantar” esperando pela morte. Entretanto, sinto o peso de um fim anunciado, que só minhas entranhas teimam em deixar acontecer. Temo porque tenho medo de ter medo. Por isso sofro ainda mais, uma vez que nem medo consigo ter: eu fujo dele. Mas querer fugir, então, é uma gota de orvalho que ainda resta. Veja, continuo correndo, só eu não percebo. Páre, não é assim: se eu corro sinto minhas pernas dormentes sigo tenho câimbras permaneço a trajetória luto (dói como dói) em frente só o horizonte infinito de minha ambição; sonho (todos ficaram sem ar). No ponto final descubro que há fim, sempre – e para tudo. Sentado no meio fio, recorro a Deus (o que nunca faço, porque pessoa mais incrédula que eu não deve ser de boa índole – ou seja, ninguém). Travo uma disputa pessoal: eu contra mim. Não me venham vocês que estudam língua, assim que quero, e assim eu escrevo. Desejo um dia sem ponto, mas o dia do ponto me parece excitante.

4 comentários:

Anônimo disse...

Não tolero o uso de aspas.

Anônimo disse...

"Di dentro" da gente muitas vozes parecem nunca se calar: que angústia!
Ao mesmo tempo que podem nos enlouquecer, as vozes,podem nos impulsionar à diante e manter-nos verdadeiramente vivos. O filósofo já disse: somente através do diálogo chega-se à verdade...

Um beijo.

Usnave disse...

Mas existem alguns que crêem na existência de uma verdade: a deles. Nem parece que Platão existiu - e isso faz tanto tempo. O monologismo absoluto do discurso mascarado por um dialogismo obscuro (e que parece não conhecer Bakhtin).

Usnave disse...

Sobre as aspas: a intolerância é a completa presença do autoritarismo.