12 agosto 2007

Relembranças

Vivo no espaço tênue da tentativa
Pareço-me um ingênuo quando lembro
dos desejos, dos encantos, das lamúrias
Parecem-me encontros que não são,
Quando tempo tem?

Se os versos têm, sinto não ter a ventura
de poder, de querer sem ter uma voz,
que impele o homem para dentro de si
incapaz de romper
Sois um idiota.

Dizem que temo os outros em troca do viver
Prefiro aterrorizar-me diante da simplicidade
Tenho prazer pelo desprazer
Portanto não saberia viver

Os versos me tornam um amante do anacronismo
Um antiquado homem ingênuo cercado pela realidade
Mas ela me torceu o caráter
Desfez minha personalidade em tom de amargura
Uma pedra no centro do caminho
agora é minha disposição impenetrável de ser
Meu tempo não é quando, nem sempre, nem hoje

é antes uma espera
ora dolorosa, ora pacífica
ora suave, ora terrível
um tempo sem tempo
mais parece estar retrocedendo

Organismo que lamenta, que chora
mas que reconhece a existência de uma voz
sabe-se lá em que canto, em que tempo, em que cidade

Digo: não sei se reconheço, apenas percebo que já ouvi
mas era doce, humana, sensual, cativante, a mais deliciosa das melodias

Digo: hoje não existe.
Termino: a felicidade está no sofrimento do sempre presente
que no canto escuro do bar elevará uma simples voz ao veludo dos deuses.

3 comentários:

Anônimo disse...

E a ingenuidade que guardas faz-se presente..
Da palavra que afagas torna-se um pedinte. Suplica pelas horas de carinho que somente um momento pode fazer valer a pena.
Somente essas palavras marcarão a verdadeira melodia da verdade, para que esteja sempre gravada em seu coração.
Estações passam, a vida segue, opiniões se transformam, mas esse querer continua latente, não mais cmo gente, agora como espírito, um venturoso e querido...
Aquele que um dia irá ser do céu.
Que não sabe se sim, ou se é infiel, as causas do coração, onde somente um será o escolhido.


=)

Anônimo disse...

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Camilla Barros disse...

Que lindo!