10 março 2011

Estado de curva

Entrei.
Ninguém.
Os cães dormem.
Nem o vento.
Acordei.
Nada.
Sonhei.
Ausência.
Casa.
Apartamento.
Carro.
Trabalho.
Ninguém.
Tudo sem.
Desci na ponte.
Vazia.
Andei.
Virei asfalto,
gaivota
chuva
ventania
nuvens
horizonte
céu.
Estou em curva.

7 comentários:

Helô disse...

Gostei desse e não gostei dos outros dois. Mas acho que não são feitos para serem "gostados", não é mesmo?

Usnave disse...

Fazer para gostar? Gostei? Não gostei?

Enfim, por que gostou e por que não gostou? Se responder, vai ajudar.... :)

Helô disse...

Vou responder uma parte e depois te conto o resto da idéia. Feeling.

Yan Venturin disse...

Gostei dos dois ultimos, menos do primeiro, por um motivo que aprendi o que era com você: Catarse. Aliás, estou morrendo de saudade de suas aulas e conselhos. Abraços meu camarada. E parabéns pelos poemas, mais uma vez.

Carol da Matta disse...

Um poema tem tantas faces. O que há de visível, de concreto, de estético "pode ser gostado": desperta sensações, emoções, o belo; desperta o que dormia no leitor.
Mas daquilo de que gosto mesmo, pouco pode ser gostado (transitivos indiretos não fazem voz passiva, eu sei, mas permita-me a transgressão). Gosto do inconcreto, movimento dos dedos ao escrever, de ver a alma em curva, da dor que se liberta do peito e só sabe ser palavra. Gosto do que a morte nem nada pode tirar de nós.
Gosto de você, poeta.

Usnave disse...

Os dedos escorrem no teclado em nome da saudade que se anuncia em um beijo formado por três palavras: Carol da Matta. O beijo em forma de lirismo, em torno do por do sol, sem hífens, mesmo que eles existam, porque de nada adianta o fim do dia, se o crepúsculo separa o nome das três palavras. O tempo do trabalho - das nossas tripas que se vão - proporciona um fim em si: o afastamento entre poetas. Prefiro gostar sem preposição, porque ela é o nosso trabalho, uma transitividade indigesta, já que você é o verbo e eu o restante, sendo que entre está a preposição. Um beijo de três palavras.

Gisele Pinheiro disse...

Amei o poema e amo o poeta.