Entrei.
Ninguém.
Os cães dormem.
Nem o vento.
Acordei.
Nada.
Sonhei.
Ausência.
Casa.
Apartamento.
Carro.
Trabalho.
Ninguém.
Tudo sem.
Desci na ponte.
Vazia.
Andei.
Virei asfalto,
gaivota
chuva
ventania
nuvens
horizonte
céu.
Estou em curva.
7 comentários:
Gostei desse e não gostei dos outros dois. Mas acho que não são feitos para serem "gostados", não é mesmo?
Fazer para gostar? Gostei? Não gostei?
Enfim, por que gostou e por que não gostou? Se responder, vai ajudar.... :)
Vou responder uma parte e depois te conto o resto da idéia. Feeling.
Gostei dos dois ultimos, menos do primeiro, por um motivo que aprendi o que era com você: Catarse. Aliás, estou morrendo de saudade de suas aulas e conselhos. Abraços meu camarada. E parabéns pelos poemas, mais uma vez.
Um poema tem tantas faces. O que há de visível, de concreto, de estético "pode ser gostado": desperta sensações, emoções, o belo; desperta o que dormia no leitor.
Mas daquilo de que gosto mesmo, pouco pode ser gostado (transitivos indiretos não fazem voz passiva, eu sei, mas permita-me a transgressão). Gosto do inconcreto, movimento dos dedos ao escrever, de ver a alma em curva, da dor que se liberta do peito e só sabe ser palavra. Gosto do que a morte nem nada pode tirar de nós.
Gosto de você, poeta.
Os dedos escorrem no teclado em nome da saudade que se anuncia em um beijo formado por três palavras: Carol da Matta. O beijo em forma de lirismo, em torno do por do sol, sem hífens, mesmo que eles existam, porque de nada adianta o fim do dia, se o crepúsculo separa o nome das três palavras. O tempo do trabalho - das nossas tripas que se vão - proporciona um fim em si: o afastamento entre poetas. Prefiro gostar sem preposição, porque ela é o nosso trabalho, uma transitividade indigesta, já que você é o verbo e eu o restante, sendo que entre está a preposição. Um beijo de três palavras.
Amei o poema e amo o poeta.
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