26 abril 2010

Artérias, veias e coração devorados

Engoli meu coração
e ainda foi sem respirar.
Ainda pulsando
pude senti-lo pensar.
Mas como?
Lógica e sentimentos?
Então, discutimos,

E o coração tomou a palavra:
- Sinto o azedume do estômago
Tenho a pele rompida
As artérias interrompidas
Meu sangue agora é nostalgia
Penso porque me contorço.
Não me deixe pensar no escuro
do silêncio
Voz antes sonora, grave
Agora metálica, no fim.
Fujo de mim para não vê-lo
Ligeiro, vago para onde

Longe
Escondido em tua impressão
Está quase a minha presença
Mas estar para não perpetuar
É um não-ser absoluto.
Um morto no seio do corpo aquecido
Um paradoxo camoniano
Aqui arde, ali eu vejo
E quero mais
Durmo para que minhas impurezas
Se diluam até tomar forma de idéia
E partir para a inexistência do sentir
O coração me disse
E eu continuo...

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