A morte se encontra na vida
Minha vida é refém do fim
Esta morte é mais do que sabida
Vaga inteira dentro de mim
Os dias somem no infinito do tempo
As palavras sorriram antes
Amanhã não são mais do que instantes
A correr sem direção
Os sons que voam pelo vento
Se tornaram frustração
Depois do amor vivente
Soluçamos pelo fim da recordação
Seria eu um morto-vivo?
Estaríamos nós ainda entrelaçados?
Seria eu um doido-varrido?
Estaríamos nós à espera da solidão?
Não pergunte aquilo que conheces
Não questione a ilusão
Só sabes quando cresces
Na presente indagação
Rimar não mede o esforço das palavras
Minha incapacidade é gritante
Tanto que agora me desfaço do sonho
De ser além de poeta
Não há espírito que suporte
Minha completa inanição
Sou eu refém do acaso
Antes protegido da dor
Maldita hora que soltastes as rédeas do seu amor
Me envolvestes no teu corpo
Como o mar em turbilhão
Aturdido me pus à deriva
Levado pela sonho da escuridão
Antes eu era
Agora não sou
Tenho medo do tempo que me espera
Quero me livrar desta dor
Não me confesso para o mundo
Escrevo para conter meu torpor
Serei um belo canalha
Se correr para os lados do amor
Sem querer amar quem não sou
Se isto faz sentido
Não sei
Quero apenas um motivo
Para sofrer outra vez
Porque sem sofrer não há lágrimas
Sem lágrimas
Não há amor
Dos pés congelados
Do estômago faminto
Me vejo atacado pelas doses de uísque
Que me acompanham neste trânsito
Entre a poesia e a prosa
Um comentário:
bonito.
Postar um comentário