25 maio 2010

Conto gotas mastigo sombras

Vou contando
Inspiro
Expiro
Inspiro
Expiro
...
...
...
Quando os números se perdem
O ar já se foi
e está tudo negro...
Neste lado obscuro
Penumbra e sombra
Vejo os dias erguendo muros
Um a cada hora
e as lembranças se isolam
Uma e outra
O garoto serelepe
O menino falante
A criança alegre
O moleque curioso
O baixinho atarracado
O miúdo afetuoso
Elas se deixam
em farpas cravadas entre as unhas
Uma gota escorre
Outra
...
...
...

O sangue muda de tom
escurece
ganha densidade,
arranca as farpas,
coagula o tempo ,
demole as paredes
e se vai em cálice:

Bebo ar
mastigo sombras.

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