Recebi um bisturi
de mãos alheias
Cravei a lâmina no tórax
Rasguei a pele
Quebrei os ossos
Até o meio do peito
Com as mãos
Abri a caixa torácica
Talhei outro nome
Em minhas artérias
E mudei a forma de meu coração
Cheguei até os pulmões
E bloqueei a entrada
A saída
E a presença do ar
Fosse carbono
Fosse oxigênio
O bisturi
O bisturi
O bisturi
O bisturi
O bisturi
O bisturi
O bisturi
As imagens
Turvas
Os olhos pularam
A garganta trincada
O sangue explodindo na cabeça
Saindo pelos poros
O bisturi
O bisturi
O bisturi
O bisturi
Eu aceitei
Não me obrigaram
Mas não é meu
Não sou eu.
Por isso,
Vou respirar.
3 comentários:
A mesma lâmina que corta o peito é aquela que corta a corda que nos prende. É uma coragem submeter-se a ela, de qualquer forma.
Mas se a lâmina não for minha?
( especial para a turma de medicina ?? =P)
Idéias q são introduzidas e de certa forma forçadas a nós, se tornam menos percebidas e mais sutis quando parecem ser inofensivas ou ainda quando PARECEM ser nossas. Fazem acreditar-mos nisso. Mas se o bisturi n é seu, que corda ele arrebentará e q cicatriz irá deixar?
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