07 setembro 2009

Madrugar pra quê?

A vida é uma eterna busca por
melodias frustradas
encantos de palavras
perversas

A escolha do dia
é a morte da tarde
é a doença do dia

No dia
de dia
Razões

À tarde a fuga
À noite a chegada
O encontro dos símbolos
Os rostos ganham contornos inacabados
Os corpos se viram em sombras
E as vozes, o murmúrio

É na madrugada que nada passa
e tudo fica

É na madrugada que a experiência
muda o jeito de ser

É na madrugada que amar faz sentido
e o sexo é prazer

É na madrugada que o trabalho do copo
vira a construção do ser

É na madrugada que a bebida se levanta
e deixa ser

É na madrugada que a noite engole o dia
pra poder viver

É na madrugada que os homens do dia morrem
porque não mudam,
seguem.

É na madrugada que os sapatos e o terno
viram motivo de sarcasmo
(indiferença)

É na madrugada que os sapatos ganham
daqueles que os calçam

É na madrugada que os espelhos se quebram
e os outros ganham vida

É na madrugada que o mendigo acorda
vive e produz

É na madrugada que o cão sarnento exala sua doença
e todos querem abraçá-la

É na madrugada que a morte ganha vida
a história é vivida
e faz parte da saída

É na madrugada que o sol se torna uma doença
Porque o seu sorriso é uma luva cirúrgica
que abre os ossos do peito
e desperta corpo da solidão.

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